Bares-restaurantes, a nova tendência do mercado paulistano
Estabelecimentos misturam culinária elaborada com clima informal e agradam pela praticidade
Certos endereços da cidade acabam sempre despertando a dúvida no cliente: afinal, isso é um bar ou um restaurante? Na realidade, trata-se de uma confusão natural diante de uma nova tendência paulistana. São os chamados bares-restaurantes, um híbrido da descontração e da boa oferta de bebidas que caracterizam os primeiros com uma gastronomia mais elaborada, que marca os segundos. “É um modelo que já funciona bem fora do Brasil, haja vista o sucesso dos gastropubs ingleses, os pubs com ponto forte na comida”, afirma Beto Tempel, chef e um dos sócios do Back Gastro Bar, inaugurado em dezembro na Rua Girassol, na Vila Madalena. Lá, todas as 32 sugestões são feitas para partilhar, como um petisco. Por isso, no centro de cada mesa, há um copo cheio de garfinhos, com os quais os clientes beliscam as receitas. Entre elas aparecem o polvo ao molho de maracujá e vinho tinto (38 reais), o palmito pupunha na forma de tagliatelle à carbonara (24 reais) e a alcatra fatiada ao molho béarnaise (36 reais).
O restaurateur Ipe Moraes tornou-se um especialista em criar bares com indisfarçável pegada de restaurante, a exemplo dos concorridíssimos Adega Santiago, no Jardim Paulistano, e do BottaGallo (este junto com a turma da Companhia Tradicional de Comércio, do Original, do Pirajá, do Astor, da pizzaria Bráz…), no Itaim. “Como o foco é a cozinha, recebemos muita gente disposta a jantar. Mas, por outro lado, o clima de bar faz com que as pessoas acabem bebendo mais que em um restaurante formal”, avalia Moraes.
O cardápio do BottaGallo traz receitas italianas na forma de pequenas porções, na linha das tapas espanholas. Entre elas, o agnellotti — versão piemontesa do ravióli — envolto em guardanapo e o risoto de provolone, escarola e pancetta na cumbuca. Em maio, Ipe promete abrir mais um bar-restaurante, o Tasca 474, na Rua Sampaio Vidal, próximo ao Adega Santiago. A casa terá astral praiano e uma cozinha centrada em peixes e frutos do mar preparados na grelha, além de receitas típicas portuguesas. Para bebericar, cervejas em garrafa de 600 mililitros, vinhos e coquetéis variados.
A lista de endereços com esse perfil inaugurados no ano passado inclui ainda o Mercatto Caffe, na Vila Nova Conceição. Além de pratos (de 29 a 46 reais), o menu criado pela consultora Ana Soares apresenta bons tira-gostos de sotaque italiano, caso do nhoque de batata e ricota ao molho de tomate com linguiça calabresa apimentada.
Outra novidade, o Lorena, 1989 transformou-se em sucesso instantâneo nos Jardins. “O objetivo era reunir boa cozinha em um lugar com atmosfera divertida”, conta o sócio e chef Leo Botto (ex-La Frontera), que abriu a casa em sociedade com os proprietários do Bar Secreto e da loja Surface to Air. Quem passa em frente pode imaginar até que se trata de um bar, tamanha a concentração de gente bonita e à procura de badalação reunida na varanda da entrada. Muitas jarras de clericó, espécie de sangria feita com vinho branco e frutas, são vistas nas mesas. Um lance de escadas, porém, leva o público a um salão rebaixado nos fundos, com estilo de restaurante. As sugestões agradam aos dois públicos: há desde bruschetta de figo assado com queijo taleggio, pistaches e mel para beliscar até dezesseis opções de prato, como o risoto de arroz-cateto integral com tomate, brócolis e lula grelhada.
Bar-restaurante sempre lotado, o Dona Onça, no térreo do Edifício Copan, no centro, lista em seu tentador cardápio nada menos que 76 iguarias, 51 delas refeições. Uma das novidades, que chegou ao menu em dezembro, é o capellini com camarões, tomate concassé (sem pele e sem sementes) e rúcula (48 reais).