Driblando o trânsito: rádio SulAmérica conquista público
Com serviços que ajudam a fugir dos congestionamentos, emissora recebe 3 000 telefonemas diários
“Digite 1 para informar sobre acidentes; 2 para caminhos; 3 para deixar outras sugestões de trânsito; 4 se quiser participar ao vivo do nosso chat e da programação.” Desde abril, as ligações para a Rádio SulAmérica, a única no país dedicada exclusivamente ao trânsito, são atendidas por um moderno portal de voz. Com a emissora no ar há apenas dois anos e três meses, os produtores não conseguiam mais responder aos cerca de 3 000 telefonemas diários, dois por minuto. Em uma cidade na qual circulam 3,5 milhões de veículos diariamente, a missão de ajudar os motoristas a escapar dos congestionamentos virou um fenômeno de participação e audiência. Idealizada para reforçar a marca da seguradora em São Paulo, a rádio já figura entre as líderes no segmento jornalístico nos chamados horários de pico – das 7 às 9 horas e das 17 às 19 horas. Um mês após estrear na frequência 92,1 FM, em fevereiro de 2007, tinha 2?446 ouvintes por minuto, das 16 às 21 horas, segundo pesquisa do Ibope. Dois anos depois, esse número saltou para 7 455 ouvintes, um avanço de 204%. A SulAmérica está em 29º lugar entre as 41 rádios FM da cidade no pico da manhã. “Alcançamos 30 000 ouvintes por minuto em vésperas de feriado”, diz Felipe Bueno, diretor da emissora.
Pelo telefone 9554-5555, além de gravar sua mensagem, o ouvinte agora tem acesso a salas de bate-papo, como as da internet, via fone. Podem ser formados até 300 chats com cinco pessoas em cada um. É como uma enorme rede de linhas cruzadas. Os participantes se agrupam de acordo com seus itinerários e trocam dicas sobre as melhores rotas. A emissora é abastecida ainda por 1?000 e-mails e 800 torpedos, em média, por dia. De olho em três monitores, o âncora recebe parte desse material, observa mapas de trânsito e controla vinhetas. “As informações não param de chegar”, afirma Bueno. “Nossas principais fontes estão nas ruas, dentro dos carros.”
Alguns “ouvintes-repórteres” – como são chamados na Rádio Eldorado, que, a exemplo de outras emissoras, também acompanha o trânsito de perto em sua programação – viraram figurinhas carimbadas da SulAmérica. “Muitos ligam na mesma hora todos os dias”, conta a coordenadora Adriana Cimino. “E logo começaram a se relacionar.” Formaram uma comunidade no Orkut que já atraiu 2 770 fãs e organizaram três festas com a presença de profissionais da emissora. “A ajuda no dia a dia por meio da rádio se transformou em amizade”, diz o publicitário Rodrigo Oliveira, criador do grupo no site. Enquanto a mão de obra dos ouvintes deslanchou, a equipe da emissora se manteve com o mesmo número desde a inauguração, em fevereiro de 2007: 23 jornalistas. As oito repórteres são mulheres. Dividem-se pelas quatro zonas da capital e rodam uma média de 200 quilômetros por dia atrás de congestionamentos. Elas mesmas guiam os Celtas. Às vezes apostam corrida. Em marcha lenta, claro. No programa Das Duas Uma, uma dupla é escalada para, saindo do mesmo ponto, testar caminhos diferentes até um destino. “Não fazemos todos os dias, geralmente escolhemos uma segunda-feira pela manhã, quando há bastante tráfego”, explica Adriana. Cada jornalista tem de passar quatro boletins por hora, das 6 às 22 horas. De madrugada e nos fins de semana entram músicas intercaladas por notícias. Sobre trânsito, sempre.
No helicóptero, a repórter aérea Juliana Verboonen sobrevoa as principais vias de trânsito, de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9 horas e das 17 às 18h30. “Noto mudanças de fluxo quando dou bons toques de caminhos livres”, conta, durante voo no fim da tarde de uma sexta. O editor-chefe da SulAmérica, Ronald Mendo, faz uma conta que mostra a importância da orientação ao paulistano. “Se nos ouvindo o motorista economizar dois minutos na ida e na volta do trabalho, é um dia a menos parado no carro em um ano.”
Dicas da emissora
– Fique esperto. O trânsito piora rapidamente quando termina o horário de rodízio da manhã, às 10 horas
– A partir das 7h30, o trecho da Marginal Pinheiros entre o Cebolão e a Ponte Cidade Universitária fica intransitável quase todos os dias
– Quando a Marginal Tietê está travada, o corredor das avenidas Ermano Marchetti e Marquês de São Vicente é uma boa alternativa
– As avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia fluem bem, no sentido leste, 70% das vezes em que a Radial Leste está congestionada
– Use a Avenida Brigadeiro Luís Antônio em vez da 23 de Maio para ir do Parque do Ibirapuera ao centro
– A Avenida Roberto Marinho fica mais livre que a Bandeirantes em 90% dos dias, nos dois sentidos