Valesca Popozuda e outras novidades da Virada Cultural
Décima edição do evento promete também trazer melhorias em segurança e infraestrutura
Vai ter MPB, rock, forró, rap e música cafona. Marcada desde o início pela miscelânea sonora (ou samba do crioulo doido, na visão dos mais críticos), a Virada Cultural repete a fórmula em sua décima edição, que vai ocorrer no próximo fim de semana (17 e 18). A maior festa de rua paulistana (público médio estimado em 4 milhões de pessoas) ocupará a região central com uma maratona de shows gratuitos.
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Para os metaleiros mais velhos, vem o Uriah Heep, dinossauro do rock pesado dos anos 70. Haverá artistas descolados como Tulipa Ruiz e Marcelo Jeneci. Entre os bambambãs da MPB, Elza Soares, Monarco e Luiz Melodia. Estão programados também o aguardado retornodo Ira! e a performance da funkeira sensação Valesca Popozuda.
Outras marcas do evento (no caso,negativas) são as confusões que costumam acontecer devido ao grande fluxo de pessoas. No ano passado, as ocorrências policiais incluíram furtos, brigas, morte por overdose, assassinato e uma novidade, os arrastões, que aterrorizaram o público na madrugada. Numa tentativa de melhorar as condições de segurança, a quantidade de grandes palcos caiu de 24 para dezesseis.
No meio do caminho entre eles foram montados vinte minitablados para espetáculos menores. O número de atrações, no entanto, se mantém em cerca de 1 000. As medidas, segundo o secretário municipal de Cultura, Juca Ferreira, visam a diminuir as áreas de circulação. “A maioria dos casos de violência se deu enquanto as pessoas iam de um espaço para outro”, explica.
As praças de alimentação também ficarão mais próximas dos espetáculos, bem como as 1 000 unidades de banheiros químicos. Na segurança, 1 500 particulares,1 800 guardas-civis e 3 700 policiais militares — no total, um contingente 11% superior ao de 2013. Para minimizar a sujeira e o mau cheiro que empesteiam as ruas, a prefeitura deixará de prontidão uma equipe extra de 500 funcionários para a limpeza das vias.
Um investimento de 13 milhões de reais dá conta de tudo isso. Pela primeira vez, o governo municipal divide os custos com um patrocinador, a Petrobras, que arcou com 1 milhão de reais. “Outras empresas devem aderir às cotas”, acredita Ferreira. Entre os cachês mais altos estão o do americano Mark Farner (120 000 reais), ex-guitarrista da banda Grand Funk Railroad, e o da cantora Vanessa da Mata (60 000 reais).
Quinze curadores selecionaram as atrações (no ano passado, um time de nove especialistas cuidou disso). “Recrutamos mais gente para garantir a diversidade”, afirma José Mauro Gnaspini, diretor de programação do evento. O ator e palhaço Hugo Possolo, do grupo Parlapatões, estreia como responsável por selecionar as performances de circo na Praça Roosevelt.
A escalação musical ficou a cargo de nomes como os críticos Alex Antunes e Marcus Preto, o produtor Pena Schmidt e Evandro Fióti, irmão do rapper Emicida. Iracity Cardoso,diretora do Balé da Cidade de São Paulo, é uma das que responderão pela dança.
Além do Teatro Municipal, espaço onde artistas como Tetê Espíndola e Ednardo relembram discos de décadas passadas, a Sala São Paulo abre suas portas para os frequentadores da Virada. Em seu palco haverá concertos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) e da Jazz Sinfônica.
O desfalque deste ano será a ausência do Sesc. Na última edição, a instituição teve um palco no centro, com bons nomes internacionais. Desta vez, as performances ficarão restritas às unidades. O cantor jamaicano Shaggy, do hit Boombastic, canta no Sesc Itaquera, no domingo (18), às 18h. O Pinheiros criou um especial Pernambuco para o domingo (18), com shows do grupo Mombojó, às 2h30, do cantor Otto, às 14 horas, e da banda Mundo Livre S/A, às 18 horas.
A maioria dos espetáculos do Sesc é gratuita, com distribuição antecipada de ingressos. Pela capital, museus, salas de cinema, teatros e espaços culturais também entram no clima. Nos bairros periféricos, 31 Centros Educacionais Unificados (CEUs) receberão 47 atrações. “A Virada é uma espécie de adrenalina no corpo cultural da cidade. Vai se espalhar cada vez mais”, aposta Juca Ferreira.
Para completar o cardápio de entretenimento, chefs de diversos restaurantes vão montar suas tendas sobre o Minhocão no domingo, das 8 às 20 horas, pelo terceiro ano consecutivo. Raphael Despirite, do Marcel, Carlos Bertolazzi, do Per Paolo e Zena Caffé, e Juliana Motter, da doceria Maria Brigadeiro, são alguns dos que venderão comidinhas por até 15 reais.
Deve-se destacar a barraca Cerveja e Cultura, que terá marcas artesanais de cerveja (3 a 15 reais o copo). A Rua Ribeiro de Lima, no Bom Retiro, será a sede da feira gastronômica O Mercado. Estabelecimentos da região, como o restaurante francês La Casserole, no Arouche, o Bar da Dona Onça, na Avenida Ipiranga, e o Empório Antonietta, em Higienópolis, entram no embalo e ficam abertos durante 24 horas.