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Vik Muniz: imagens recriadas com geleia, caviar, lixo, sucata…

Masp mostra a trajetória do artista plástico que fez o mapa-múndi de computadores velhos, o autorretrato em confete e as outras 129 obras

Por Camila Antunes
Atualizado em 5 dez 2016, 19h31 - Publicado em 18 set 2009, 20h27

Ele conquistou reconhecimento por sua capacidade de transformar matéria-prima de todo tipo em arte. Recria imagens com geleia, caviar, lixo, sucata… Depois as fotografa. Assim nasceram o mapa-múndi feito de computadores velhos, o autorretrato em confete (acima) e as outras 129 obras da exposição retrospectiva do paulistano Vik Muniz, de 47 anos de idade. A mostra, cuja abertura estava prometida para sexta (24) no Masp, traça a trajetória do artista plástico, que há 25 anos vive nos Estados Unidos. Vik veio à cidade para o vernissage e, a convite de Veja São Paulo, clicou locais que considera marcantes em sua terra natal

O calçadão da Rua Direita era caminho diário para ele, que passava por lá para encontrar a mãe. Ela era telefonista, trabalhava no centro, e os dois voltavam juntos para casa, em Pirituba, perto do Pico do Jaraguá. “Gostava de subir na montanha, ver os prédios e a serra atrás, delimitando os contornos da cidade”, diz. A opção da vista pelo alto predomina na arte de Vik, que chegou a voar de helicóptero para fotografar desenhos feitos num campo de areia, com escavadeira.

Da infância, nos anos 60, ficaram recordações de passeios com a avó no Parque da Água Branca. “Foi o primeiro lugar onde vi uma vaca”, conta.Atualmente, não há mais feiras de animais ali. Nas arenas vazias, as crianças brincam de bola. E o prosaico passeio no lombo de bodes deu lugar aos rolés em Fusquinhas de aluguel.

Che Guevara feito com geleia. Frankenstein, com caviar. “Nunca usei frutas, mas poderia”, diz ele, durante passeio no Mercado Municipal. “Este lugar é inspirador

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O artista clicou este emblema do Corinthians na porta de um hortifrúti em frente ao Mercado Municipal, no centro. Ele diz que o futebol não o fascina por jogadas ou rivalidade. “Aprecio o caráter sociológico do esporte”, afirma. “Escolher o time é definir-se na comunidade.” Vik é corintiano por causa do pai. “Quis ser solidário”, explica, referindo-se ao jejum de quase 23 anos que a equipe alvinegra atravessou, a partir do Campeonato Paulista de 1954, sem ganhar nenhum título.

Em meio à deterioração do edifício São Vito, Vik enxerga poesia. “As pessoas que viveram ali deixaram pichações”, observa. “É como se gritassem o desejo de posteridade.”

Aos 8 anos, visitou o Masp pela primeira vez, numa excursão da escola. Ficou impressionado com o vão livre que a arquiteta Lina Bo Bardi criou – na época sem mendigos nem hippies tardios. Os quadros do museu ficavam expostos em estruturas de acrílico, não na parede. “Adorava vê-los também pelo verso.” No início do ano, como curador de uma mostra no MoMA, de Nova York, inspirou-se na mesma ideia e dispôs as pinturas com a face contra a parede. “O fundo da tela tem marcações que revelam onde ela já foi exibida.”

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