“Conheci minha esposa no metrô”, diz humorista que fez anúncio polêmico
Roberto Barabás, intérprete do personagem Gavião, da Rádio Transamérica, diz que piada sobre 'xaveco' no metrô foi “infeliz coincidência”
Em meio às denúncias e prisões por abuso sexual em vagões de trens que ocorreram nos últimos dias – foram 23 casos registrados neste ano -, na última semana uma propaganda do Metrô causou polêmica por seu conteúdo considerado machista e preconceituoso. Em anúncio veiculado na Rádio Transamérica FM, um homem fala sobre os investimentos realizados pelo governo do Estado no transporte sobre trilhos e sugere que os horários de picos são bons momentos para “xavecar a mulherada”.
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+ Metrô diz que vai processar rádio por anúncio
O áudio foi gravado em fevereiro deste ano. Roberto Barabás, que dá vida ao personagem cômico Gavião, foi convidado a imprimir a personalidade popularesca da criatura a mais um anúncio do Metrô. Era a segunda ou terceira vez que fazia o serviço, seguindo sempre o mesmo protocolo. “Eles me mandam um texto base e me dão liberdade para criar em cima, tornar o anúncio mais popular”, diz Barabás.
Segundo o humorista, esse texto pedia que ele comentasse a superlotação dos vagões. “O texto dizia que metrôs lotados existem no mundo inteiro, não apenas no Brasil. A partir daí, incluí meus ‘cacos’, os vícios do personagem.” Sua inspiração para dar graça ao texto veio de sua história de amor com Giscreuza – sim, a mulher tem mesmo esse nome. “Conheci minha esposa no metrô. Eu brinquei com um broche do Palmeiras que ela usava, trocamos telefones e estamos juntos há vinte e três anos.”
Com experiência de vinte e sete anos em rádio, dezenove deles no papel de Gavião, Barabás diz que nunca se envolveu em polêmica. “Foi uma infeliz coincidência. Uma piada ingênua que fiz inspirada na minha própria história de amor, mas que ganhou duplo sentido diante dos fatos recentes.”
Barabás afirma que não foi procurado pelo Metrô e que toda ação movida contra o anúncio será tratada pela área jurídica da rádio. “Eu, sinceramente, espero que essa história caia no esquecimento. Sou contra qualquer tipo de abuso, no transporte público ou em qualquer outro lugar. Minha filha de 20 anos usa metrô, eu e minha esposa também, jamais instigaria esse tipo de violência. Sou a favor de histórias de amor como a minha, e essas sim podem acontecer em qualquer lugar”.