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Os espaços vazios de Lucas Lenci

O fotógrafo paulistano, neto de Peter Scheier, desponta como promessa com suas séries pessoais, além da organização da galeria virtual Fotospot

Por Livia Deodato
Atualizado em 5 dez 2016, 16h31 - Publicado em 7 dez 2012, 17h44
Lucas Lenci
Lucas Lenci (Bob Wolfenson/)
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O paulistano Lucas Lenci, de 32 anos, vem despontando como promessa da fotografia contemporânea. Atualmente em cartaz com as mostras Desáudio, na Fauna Galeria, e na coletiva 5 + 5, no dconcept escritório de arte, o rapaz não pensava em ser fotógrafo até trabalhar como produtor e diretor de arte, com passagem por empresas do porte de Iconica e Getty Images, em Nova York. Após voltar dos Estados Unidos, decidiu abrir um estúdio e passou a realizar trabalhos para agências e clientes diretos.

Seu avô, Peter Scheier, fotógrafo alemão que viveu no Brasil e cobriu importantes acontecimentos entre as décadas de 40 e 70 (e que conta com um acervo no IMS), foi uma influência indireta. Mesmo porque o seu trabalho difere bastante do dele: Lucas prefere retratar espaços com poucos elementos e que, ao mesmo tempo, tragam à tona uma narrativa poética.

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Há três anos, criou uma série de imagens com o seu Iphone. A mostra Aifone_pics foi exposta em 2009 também na dconcept. Dava início ali à produção de suas séries pessoais, que passam por diversos lugares do mundo.

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No ano seguinte, uniu-se a outros dois fotógrafos – André Andrade e Cássio Vasconcellos – para montar o site Fotospot, que reúne trabalhos de fotografia autoral de 27 artistas, disponíveis para venda. Juntos, ganharam força e já realizaram exposições em grandes espaços, como MIS e MuBE.

Atualmente, dedica-se à curadoria do Fotospot e investe em suas fotos, que já tiveram como cenário Tóquio e Punta del Este, e são atualmente vendidas por R$ 6500,00 cada, na Fauna Galeria.

Leia entrevista abaixo com Lucas:

VEJASÃOPAULO.COM – De onde partiu a sua vontade de fotografar? Quem são as suas maiores influências?

LUCAS LENCI – Apesar de estar em uma família de fotógrafos (meu avô, Peter Scheier, fotografou no Brasil, e minha mãe, Betty Scheier, seguiu os passos dele sendo umas das fotógrafas da primeira edição da revista Veja), eu não fui influenciado por isso no início. Estes fatos vieram a ser importantes apenas depois de já estar envolvido nesta arte. No final dos anos 90, comprei minha primeira câmera e vendo as possibilidades do objeto, do que poderia ser feito com ele, me deu vontade de trabalhar com isso. Sou fascinado pela fotografia no sentido mais simples e amplo da palavra. Meu avô, claro, é uma grande influência. Cristiano Mascaro (parceiro de minha mãe na edição número 1 da Veja) também foi uma figura importante para mim e, hoje, a minha maior influência eu diria que é o belga Harry Gruyaert.

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VEJASÃOPAULO.COM – Como está sendo a sua experiência como galerista? Como é realizado o seu trabalho de curadoria?

LUCAS LENCI – O trabalho de galerista vem com muito estudo. É preciso cultura fotográfica para saber editar e vender foto. Você precisa conquistar a confiança de alguém interessado em ter uma fotografia em casa. É um grande comprometimento oferecer algo com que a pessoa vai conviver dentro de casa e passar a fazer parte de sua vida. 

VEJASÃOPAULO.COM – Quem você considera atualmente um grande artista?

LUCAS LENCI – Existe hoje um volume inacreditável de imagens sendo produzidas. Um grande artista é aquele que é inquieto o suficiente para produzir bastante, mas paciente o suficiente para editar e mostrar o melhor, no lugar certo. No Brasil, acredito que a Claudia Jaguaribe e o Cássio Vasconcellos possuam estas características.

VEJASÃOPAULO.COM – Qual é a sua avaliação sobre os artistas brasileiros contemporâneos?

LUCAS LENCI – Eu acho que existe um volume importante de gente comprometida e dedicada a fazer arte, produzindo algo coerente com um discurso sólido. Ao mesmo tempo, tem muita coisa “vazia”, onde o texto do curador aparece mais do que a obra em si. Parece que precisa ter alguém dizendo “isto é arte”. Eu diria que esta mistura é bastante interessante e saudável para o mercado. Mas o que eu mais sinto falta mesmo é de críticos de arte, alguém que, de fato, veja e expresse uma opinião positiva ou negativa, pois isto ajudaria artistas comprometidos.

VEJASÃOPAULO.COM – Visitou a Bienal? Qual obra chamou mais a sua atenção?

LUCAS LENCI – Visitei e gostei muito. As obras que mais gostei foram as de Hans Eijkelboom, Edi Hirose e Tehching Hsieh.

+ Leia mais sobre exposições

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