Na 19ª edição, Parada Gay tem menos movimento e muitas polêmicas
Parada Gay aconteceu na tarde deste domingo (7) na Avenida Paulista e reuniu cerca de 20 000 pessoas de acordo com a PM; dispersão na Rua Maria Antônia teve bombas de efeito moral
Por volta das dez horas da manhã deste domingo (7), a 19ª edição da Parada LGBT já se organizava. Na Avenida Paulista, se via muito paetê nas fantasias, drag queens, gays, transsexuais e simpatizantes desfilando ao som de muita música, principalmente eletrônica.
Ao todo, foram 18 carros de som e gritos de ordem como “orgulho de ser como somos”. De acordo com a Polícia Militar, cerca de 20 000 pessoas participaram da festa que teve seu início oficial ao meio-dia. A Prefeitura de São Paulo investiu 1,3 milhão de reais no evento. Além disso, sete em cada dez hotéis da cidade tiveram lotação máxima e a estimativa é de que os turistas gastem cerca de 60 milhões de reais na cidade.
Apesar do alto número de participantes e da dificuldade de locomoção, essa não foi a Parada mais cheia. Com menos famílias e mais jovens, a festa se assimilava a uma micareta, com muita bebida e dança. No local, ambulantes vendiam garrafas de vinho e catuaba (20 reais cada uma) e latinhas de cerveja (4 reais a lata pequena). Havia banheiros químicos e os postos de gasolina cobravam dois reais pelo uso do sanitário.
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“Venho há quinze anos e percebi uma redução de publico em relação a 2009 e 2010”, diz Ricardo Miranda, autônomo de 36 anos. Desta vez ele trouxe a avó, Maria, de 82. “Existe o exagero e muita gente passando do limite, o que pode deixar um lado negativo. Mas ainda assim, a Parada continua sendo um símbolo para a nossa luta”, declarou Miranda.
O publicitário Wesley veio pela terceira vez para acompanhar a Parada. Ele também concorda que o público e as atrações diminuíram. “Não tínhamos tantos intervalos entre um carro e outro”, conta. “E eu acredito que a parada deve ser só um evento, porque a luta pelos direitos acontece o ano todo. Tem uma organização por trás que planeja várias outras ações”, comenta. “Enquanto isso, aqui, a gente aproveita a festa “, completa.
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Para o economista Leandro, de 50 anos, em relacionamento sério com a transsexual Daniele, a parada serve para que a “família tradicional cristã entenda que todo mundo é gente”. “É bom ver pais trazendo as crianças para mostrar que todo deve ter suas diferenças respeitadas. Se ela cresce com esse entendimento, não haverá medo e poderá crescer sabendo que todo mundo é igual”, argumenta.
Protestos
Entre as faixas de protesto, destacava-se a das Mães da Diversidade, que abriu o caminho no primeiro carro de som. “Quando meu filho assumiu a homossexualidade, eu vi que ele não tinha direitos”, diz Maju Giorgi, que liderava o grupo. “Ninguém é filho de chocadeira e nossos filhos não farão parte de estatísticas”, completa.
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Outra manifestação que chamava a atenção estava em frente ao Conjunto Nacional, onde um grupo de evangélicos realizava uma ato contra a homofobia. “A maioria das pessoas vêem na TV alguns babacas que não nos representam”, diz José Barbosa Filho, que organizou o protesto. “Viemos aqui para dizer que é possível haver paz. Não vamos impor a nossa fé a ninguém”, diz.
Próximo das 17 horas, os carros de som ja desciam a Consolação desligados e se encaminhavam até a Praça da República, onde acontece a dispersão. Próximo das 19h, a PM começou a usar bombas de efeito moral para liberar as vias interditadas próximas a Rua da Consolação, na esquina com a Rua Maria Antônia.