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Aeroporto de Guarulhos inaugura terminal para 12 milhões de passageiros ao ano

Com free shop gigante e tecnologia avançada, a promessa é tirar paulistanos e turistas do sufoco e não fazer feio na Copa do Mundo

Por Carolina Giovanelli
Atualizado em 17 Maio 2024, 11h26 - Publicado em 9 Maio 2014, 22h00
Área de embarque do Aeroporto de Guarulhos
Área de embarque do Aeroporto de Guarulhos (Mario Rodrigues/Veja SP)
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Viajamos cada vez mais de avião. Para sofrimento dos passageiros, porém, os aeroportos falharam em acompanhar esse crescimento. Resultado: filas, atrasos, bagagens perdidas para nunca mais ser achadas e muita gente insatisfeita com o serviço. O Aeroporto Internacional de Guarulhos, a principal porta de entrada de São Paulo e do país, reflete bem a que ponto chegou o gargalo. Em 2003, o local recebeu 11,5 milhões de viajantes. Uma década depois, esse número mais que triplicou, subindo para 36 milhões — ou seja, 6 milhões de pessoas a mais do que permite sua capacidade. Ao longo do período, nenhuma obra realizada foi suficiente para tirar paulistanos e turistas do sufoco.

 

 

A um mês da Copa, o panorama deve começar a mudar neste domingo (11), quando Cumbica abrirá seu tão esperado terminal 3. A obra tem capacidade para comportar 12 milhões de viajantes por ano. Com isso, a capacidade total do aeroporto passará de 30 milhões para 42 milhões de passageiros ao ano. O terminal 3 receberá apenas voos internacionais. Neste primeiro momento, três companhias aéreas migrarão para lá: Lufthansa, Swiss e TAP. Até setembro, com uma pausa na época do Mundial, mais dezoito empresas se instalarão ali. O objetivo é, assim, desafogar os outros terminais — o 1 se dedicará aos voos domésticos, o 2 será misto e o 4, inaugurado em fevereiro de 2012, continuará sendo usado exclusivamente pelas companhias domésticas Azul, Trip e Passaredo. 

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Garrett Porpcorn no Aeroporto de Guarulhos
Garrett Porpcorn no Aeroporto de Guarulhos ()

 

Para que nada dê errado antes de abrir as portas, cinquenta simulações com 4 700 figurantes voluntários ajudaram a testar a estrutura nas últimas semanas. Com arquitetura moderna, o edifício de pé-direito de 18 metros é todo envidraçado e tem muito espaço para circulação. A mudança é gritante em relação aos escuros e estreitos edifícios antigos. “Como foi inaugurado em 1985, o aeroporto possui um visual datado”, diz o arquiteto Andrei de Mesquita Almeida, do grupo Typsa- Engecorps, responsável pelo projeto. “Nosso desenho para o terminal 3 dialoga com aeroportos internacionais, principalmente os europeus e asiáticos.”

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Antonio Miguel Marques, presidente do GRU Airport
Antonio Miguel Marques, presidente do GRU Airport ()

Realizadas durante um ano e nove meses, as obras se viabilizaram devido a uma mudança importante. Em novembro de 2012, a gestão do aeroporto foi transferida da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) para a concessionária Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A., formada pela administradora sul-africana ACSA e pela Invepar (aliança de fundos de pensão brasileiros com a construtora OAS), que adquiriu em leilão o direito de tocar o negócio por duas décadas ao preço de 16,2 bilhões de reais. Segundo Antonio Miguel Marques, presidente do GRU Airport, mais que seguir ideias gringas, foi preciso levar em conta o gosto brasileiro na concepção do terminal 3. “Para nós, ir ao aeroporto é um programa de família, vai todo mundo se despedir”, afirma. “Por isso, tivemos de aumentar a oferta de serviços na área pública.”

 

mapa Aeroporto de Guarulhos
mapa Aeroporto de Guarulhos ()

Ainda assim, o “filé” está mesmo na área restrita, de acesso permitido apenas a quem está viajando. Nesse pedaço, os gastões devem fazer a festa. No desembarque, ficará o maior free shop da rede Dufry do mundo, com 4 400 metros quadrados. Antes do saguão de embarque, por um bulevar de luxo desfilarão dezesseis grifes, como Salvatore Ferragamo, Burberry e Michael Kors, cujas mercadorias têm tributação especial e saem mais em conta. Restaurantes inéditos no país abrirão as portas em Cumbica, caso do Olive Garden, de comida italiana, e do Margaritaville, bar com decoração temática tropical. Os dois pertencem à International Meal Company, que também trará ao terminal 2 a primeira unidade nacional do Red Lobster, de frutos do mar. Há duas semanas, na mesma área, surgiu a primeira filial do Garrett Popcorn, loja de pipoca gourmet.

Em relação à parte estrutural, o fluxo de passageiros deve ficar mais rápido com o uso de equipamentos modernos, a exemplo de uma máquina que realiza a leitura do cartão de embarque e totens de check-in automático. Ao longo do ano, serão implementados ainda um sistema que permite aos aviões pousar com visibilidade zero (são 830 pousos e decolagens por dia), um controle de distribuição de bagagem automatizado e portão eletrônico para checagem de passaporte e digitais apenas para uso de brasileiros.

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Sala VIP
Sala VIP ()

Um dos maiores calvários dos viajantes, as filas na imigração também contam com uma esperança de, pelo menos, se tornarem menos irritantes. Até quinta (15), será finalizada a transição da atual empresa terceirizada para outra que cuidará do atendimento. “Vamos ter 200 funcionários a mais”, promete Rodrigo de Jesus, delegado da Polícia Federal responsável por esse setor. Uma tecnologia que acelera de cinco a dez segundos o tempo de atendimento no guichê foi implementada no mês passado. No caso da falta de táxis em horários de pico, outro aborrecimento recorrente, não há perspectiva de solução imediata, já que a operação segue sem competição, com uma só empresa. Neste último ano, o gargalo de falta de estacionamento para aeronaves teve uma melhora com a abertura de um pátio. Com o terminal 3, serão 34 novas vagas. “Isso, porém, não resolve tudo, já que seria necessário criar uma terceira pista para decolagem e pouso para ter mais movimento de aviões”, diz Leonardo Lefkovits, mestre em logística com especialidade em transporte aéreo.

 

Leitor de cartão de embarque no Aeroporto de Guarulhos
Leitor de cartão de embarque no Aeroporto de Guarulhos ()

Desde a privatização do aeroporto, já foram feitas algumas melhorias nos terminais antigos, como a abertura de uma nova praça de alimentação e a construção de um edifício com 2 600 vagas de garagem. Foram trazidas nove novas companhias que adicionaram destinos diretos inéditos, como Etiópia e Havana. Além disso, um gigante das aeronoves, o Boeing 747, de dois andares, pousou em Guarulhos pela primeira vez no dia 30 de março após pequenas adequações. Em abril, foi inaugurada uma elegante área vip para clientes dispostos a desembolsar 800 reais. Ali, é possível receber massagem, tomar banho e fazer reuniões de negócios. Quem administra o lugar é o concierge suíço Claudio Enrico Caratsch, experiente em recepcionar ricos e famosos. “Uma das pessoas que mais gostei de conhecer foi o Elton John”, diz ele, que agora espera pelo príncipe Harry, que virá torcer para a Inglaterra. Até a Copa, terão sido investidos 2,9 bilhões de reais — mais 1,6 bilhão será injetado até 2032, quando termina o contrato com essa concessionária.

Boeing 747
Boeing 747 ()
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Na Copa, o aeroporto terá áreas reservadas, com segurança reforçada, para a recepção de doze delegações de atletas. Salas temáticas para torcedores, com TVs e jogos interativos, também estarão disponíveis. Não se espera, porém, maior fluxo de passageiros. “A quantidade de voos não aumenta tanto, pois o turismo de lazer cresce, mas o turismo de negócios cai”, acredita Marques. Para o especialista Respício Espírito Santo, a abertura do terminal 3 aconteceu muito em cima de um megaevento. “Um mês não é o suficiente para realizar todos os ajustes”, critica. Uma pesquisa de qualidade realizada pela Secretaria de Aviação Civil com cerca de 18 000 passageiros no último trimestre colocou Cumbica em penúltimo lugar entre quinze aeroportos, acima apenas do de Cuiabá (no levantamento anterior, realizado no fim do ano passado, Guarulhos ficou na rabeira). As melhorias demoraram a chegar, mas espera-se que agora Cumbica decole de vez com o seu pacote de novidades e proporcione céu de brigadeiro a seus hoje tão maltratados viajantes.

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