Ana Paula de Mira: “Não quero que meu pai morra na rua”
A vendedora autônoma de 33 anos é moradora do Jardim Laranjeiras, na Zona Leste
“Meu pai tem 62 anos e usa crack há mais de uma década. O vício destruiu completamente sua vida social. Até meados de 1993, ano em que foi tirada a foto que estou segurando, ele e minha mãe viviam bem. Dois anos depois, já estavam separados. A droga está entre os motivos que os afastaram. Depois, ele foi perdendo o contato com os cinco filhos. Passou a morar na rua, catando lixo. Às vezes, baixava de surpresa na minha casa. Arrombava a porta, quebrava tudo, roubava minhas coisas. Todos tentamos convencê-lo a buscar tratamento. Chegou a ser internado uma vez, mas voltou para a droga assim que teve alta. Na semana passada, fui buscá-lo na rua. Menti, dizendo que o levaria ao médico para cuidar de um ferimento na perna. Coloquei calmante num suco e ofereci a ele. Se não estivesse dopado, eu não conseguiria levá-lo a lugar algum. Assim que apagou, levei-o ao Cratod. Não quero que ele morra. Mantê-lo no tratamento é a única forma de evitar que isso aconteça.”
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