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Legado de padre Anchieta continua pela cidade 460 anos depois

Beatificado na década de 80 e canonizado nesta quinta, o jesuíta é uma das figuras mais importantes da história de São Paulo

Por Juliana Deodoro
Atualizado em 1 jun 2017, 17h23 - Publicado em 2 abr 2014, 22h08

Há 460 anos, um grupo de treze jesuítas chegou na recém-descoberta colônia portuguesa com a missão de transmitir o cristianismo. Entre eles estava José de Anchieta, padre que fundaria junto com Manoel da Nóbrega o Colégio de Sâo Paulo de Piratininga, o marco da fundação da cidade. Nesta quinta-feira (3), Anchieta foi canonizado pela Igreja Católica, por meio de um decreto do papa Francisco, o primeiro pontífice pertencente à Companhia de Jesus.

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Nos 43 anos que viveu no Brasil, padre Anchieta foi responsável pela catequização de indígenas e pela criação de escolas e cidades em todo o Brasil. Além do Pátio do Colégio, seu legado na capital paulista é especialmente importante, nos mais diversos âmbitos, do urbano ao cultural.

Urbanismo

Quando padre Anchieta chegou em Piratininga não existiam construções. Coube a ele e seus companheiros criarem uma rede urbanística que, em alguns casos, guarda a mesma configuração até hoje. Segundo o urbanista Benedito Lima de Toledo, há aldeamentos criados na época que são tipicamente jesuíticos. Bairros como São Miguel Paulista, Pinheiros, Ibirapuera e cidades como Carapicuíba e Itaquaquecetuba são alguns exemplos. “São construções muito interessantes, com espaço livre na frente, onde a comunidade se reúne, com as habitações em volta e a igreja ao centro.” Em São Miguel Paulista, a capela de São Miguel Arcanjo erguida em 1622 foi restaurada recentemente e guarda algumas relíquias artísticas e históricas.

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Cultura

Em cartas enviadas a Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, padre Anchieta revelava um pouco do cotidiano na vila de Piratininga. Ele contava em seus relatos, por exemplo, as técnicas utilizadas para a catequização, como teatro e música. “Podemos dizer que ele escreveu as primeiras obras teatrais e musicais do Brasil”, explica o historiador Luís Soares de Camargo, do Arquivo Histórico de São Paulo. No acervo há diversos volumes que reúnem algumas dessas cartas, além de poemas.

Educação

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Durante muito tempo, falava-se em Piratininga a língua geral, uma mistura de português, guarani e espanhol. De acordo com o jornalista e escritor Levino Ponciano, padre Anchieta foi o responsável pela criação da primeira gramática do Brasil. “Os moradores só falavam português quando saíam da vila. Tinha que encontrar uma forma simples para haver uma língua que todos entendessem.” A vocação para educação dos jesuítas está, inclusive, até hoje em São Paulo. Duas escolas pertencentes à Companhia de Jesus existem na cidade: os colégios São Luís e São Francisco.

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Criação da cidade

O legado mais importante é São Paulo. Levino Ponciano conta que a decisão de subir a Serra do Mar em direção ao que viria a ser a cidade ia contra a própria coroa portuguesa e a Companhia de Jesus, que acreditavam ser melhor manter a missão evangelizadora na costa. “Era uma empreitada de loucos, que enfrentaram diversos obstáculos para chegar a este local.” De acordo com o jornalista, existe inclusive uma explicação mítica para a escolha da área onde se fundaria a vila. “A região do Pátio do Colégio era um lugar sagrado para os indígenas, havia inclusive três cemitérios por ali. Os jesuítas se lançaram àquela área para não sair.”

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