Grupo dono da Luigi Bertolli entra com pedido de recuperação judicial
GEP quer renegociar dívidas que chegam a 513, 2 milhões de reais. Empresa é responsável pelas lojas da marca americana GAP no Brasil
Com dívidas que superam 513 milhões de reais, o Grupo GEP, dono das marcas Luigi Bertolli, Emme, Cori e responsável pelas franquias da empresa americana GAP no Brasil, entrou com um pedido de recuperação judicial na 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais.
O pedido será analisado pelo juiz Marcelo Barbosa Sacramone e a reestruturação e o processo de recuperação será guiado pelo escritório Alvarez & Marsal. A empresa, que tem 97 lojas e 1 600 funcionários no país, estava com “um fluxo de pagamento de dívidas com bancos, fornecedores e shoppings centers acima da sua capacidade de geração de caixa”, informou a assessoria de imprensa. As atividades devem continuar “sem nenhuma alteração e impacto”.
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Ainda, segundo a empresa, “a recuperação judicial foi pedida em consequência da crise de consumo vivida pelo país, que impactou, em nosso caso, no custo da dívida contraída para aumento de nossas operações em decorrência de nosso investimento em um Brasil, que naquele momento, aumentava sua base de consumidores. Adicionalmente, a variação cambial impactou sobremaneira nossas operações, visto que, até 2015, nossa cadeia de abastecimento era ancorada fortemente em importações”.
Segundo o advogado Oziel Estevão, Membro da Comissão de Direito e Recuperação Judicial e Falência da OAB-SP, o pedido de recuperação judicial permite que as empresas renegociem suas dívidas apóse análise de um juiz. “A medida é apresentada posteriormente aos credores para que, caso aprovada, a empresa tenha condições de se recuperar financeiramente”, disse. Se o plano não for aceito pelos credores, o juiz pode decretar falência. “Ao entrar com o pedido, a empresa tem que estar bem confiante do plano de recuperação porque ela corre esse risco”, disse o especialista.
Em 2013, o Grupo GEP foi denunciado por vender peças confeccionadas em uma oficina em São Paulo que explorava trabalhadores. Em março de 2013, foram resgatados 28 bolivianos, segundo o site Repórter Brasil, em regime de servidão por dívida, o que caracteriza trabalho escravo contemporâneo em uma operação conjunta do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Na época, a GEP se comprometeu a fiscalizar sua cadeia produtiva e a pagar cerca de 700 000 reais em indenizações individuais e verbas trabalhistas aos bolivianos, além de 450 000 reais por danos morais coletivos.