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Moradores aprovam a estreia de ‘I Love Paraisópolis’

O primeiro capítulo da nova novela das 7 da Globo virou um evento no bairro da Zona Sul e foi exibido em clima de festa 

Por Pedro Henrique Tavares
Atualizado em 1 jun 2017, 16h52 - Publicado em 12 Maio 2015, 19h47

No final da tarde de segunda-feira (11), o comerciante Joaquim Augusto da Silva estava impressionado com aglomeração de pessoas na área central de Paraisópolis. Na esquina das ruas Melchior Giola e Ernest Renan, um telão foi montado para transmitir o primeiro capítulo de I Love Paraisópolis, nova novela das 7 da Rede Globo que retrata o cotidiano da região na Zona Sul. O clima era semelhante a de ver um jogo de futebol no telão: comentários em voz alta e muita vibração com as cenas marcaram a noite.

Nascido no local, Silva é ex-radialista e pouco sabia sobre a trama global, mas diz ter certeza de que a nova programação será um sucesso de audiência. “Este pessoal (da Globo) sabe o que faz. Vão trazer uma visibilidade boa para a nossa comunidade. Os espectadores gostam do povão, e vai dar ibope”, assegura.

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“Povão” é como Silva e outros moradores do local costumam se referir aos habitantes da região. “Nós somos aqueles que ninguém vê, mas estamos aqui. Espero que a novela transmita que as pessoas são felizes aqui, pois normalmente só mostram as favelas do Rio de Janeiro e a criminalidade”, diz o também comerciante Fernando Silva. Cerca de 40 000 pessoas vivem em Paraisópolis e os moradores acreditam que a dramaturgia pode ajudar a dar visibilidade ao lugar.  

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O grupo que se aglomerava em frente ao ponto de transmissão esperava por uma atração televisiva que mostrasse o morador de Paraisópolis como ele realmente é. “Batalhador”, definiu a coordenadora de mora Renata Alves, de 34 anos, que mora por ali há mais de trinta anos. Ela mal conseguia manter a ansiedade. “É como esperar para ver nós mesmos na televisão. É uma expectativa muito grande, já que a produção esteve muitas vezes aqui, falando com todo mundo e gravando vídeos de chamada. Alguns, inclusive, vão participar da novela”, conta.

Em meio à espera, algumas atrações foram preparadas pela União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis. Apresentações de hip-hop e dança de rua e pintura facial para as crianças – aliás, havia muitas delas por ali – estavam entre as pedidas. Com algodão doce na mão, uma animada menina que aparentava 8 anos, passava em frente ao telão aos gritos de “I Love Paraisópolis”. Na multidão também estava Stefania de Souza Conceição, de 20 anos, que tentava segurar as lágrimas antes da estreia. Mas ela tinha um motivo especial: durante as gravações, Stefania irá atuar como figurante. 

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A estudante falou que na primeira vez que recebeu uma ligação da Rede Globo, no ano passado, estava saindo de casa para comemorar seu aniversário. O objetivo do contato era uma convocação para um teste de elenco. “Cheguei até a pensar que era para fazer teste em algum papel da novela”, revela. Stefania foi chamada para fazer parte da equipe de figurantes. “Na primeira vez que filmei, me senti um pouco nervosa, mas agora estou acostumada”, conta. Stefania gostou tanto da experiência que tomou uma decisão difícil: abandonou a faculdade e o trabalho para tentar seguir na carreira de atriz. Ela trabalhava numa corretora de imóveis e estudava linguística. “Agora que fui chamada para fazer outras figurações, vou tentar entrar em um curso de teatro. Quero seguir nesta área”.

Junto com a adolescente estava o pai, o artista Estevão Conceição, uma das figuras célebres de Paraisópolis. Conceição e a família são moradores da Casa de Pedra, que foi reproduzida pela Globo no Projac e faz parte do cenário do folhetim. Por causa da obra, ele ficou conhecido como o Gaudí brasileiro, em referência ao arquiteto espanhol Antoni Gaudí. Apesar de estar feliz por sua casa estar retratada na novela e por sua filha atuar na figuração, Conceição mostra uma certa insatisfação com o retorno recebido dentro do bairro. “Todos acham que fiquei rico só porque minha casa vai aparecer na novela, mas, na verdade, tudo que recebi foram 150 reais pelos direitos de imagem e mais 1000 reais pelas visitas que fizeram no local”, desabafa.

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Quando o capítulo começa, todos fazem silêncio imediatamente. Cada detalhe é motivo de atenção: o figurino de um personagem, a semelhança do cenário com as ruas e, principalmente, os diálogos. Todos os presentes vibram quando Marizete (personagem de Bruna Marquezine) revida contra Jávai, interpretado por Babu Santana, que havia acabado de assediá-la em uma das primeiras cenas. Naldo Oliveira, que trabalha com um carro de som no local, é uma das pessoas que acredita nisso. Emocionado, ele diz que Paraisópolis precisa ser como a população passa por dificuldades e precisa lidar com diferentes desafios diariamente. “Estou muito feliz de assistir a esta novela. É um trabalho que mostra nossa essência, de quem vai atrás do que precisa. Cheguei a pensar que fossem mostrar algo muito diferente mas, por enquanto, conseguimos nos identificar”, diz Oliveira. No fim, o clima geral foi de aprovação.

A aposta dos moradores em uma repercussão positiva de I Love Paraisópolis se sustenta nas histórias que a trama pretende contar. Quem mora no local acredita que esta é a chance que a comunidade tem de mostrar sua realidade em rede nacional. “É preciso entender que temos uma população que também movimenta a economia da cidade. Uma novela como essa chega para mostrar a força que temos dentro desta engrenagem”, destaca Gilson Rodrigues, líder comunitário e presidente União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis. Atualmente, de acordo com dados da União dos Moradores, são mais de 8 000 pontos de comércio. Segundo Rodrigues, 21% dos empregados destes estabelecimentos são moradores da comunidade. 

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