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A enfermeira que ajudou vítimas do terremoto no Haiti

Atuando como voluntária, a paulistana Cláudia Cândido da Luz já esteve três vezes no país desde 2010

Por Silas Colombo
Atualizado em 5 dez 2016, 15h52 - Publicado em 21 jun 2013, 18h49

Na tarde de 12 de janeiro de 2010, a notícia do terremoto que assolou o Haiti correu o mundo. Quase que imediatamente, a enfermeira paulistana Cláudia Cândido da Luz começou a se mobilizar para ajudar as vítimas. Uma das únicas profissionais brasileiras especializadas em terapia infusional (técnica recente que permite, por meio de incisões na pele, a colocação de cateteres e medicamentos), ela se dispôs a integrar as missões de socorro que seu local de trabalho, o Hospital Albert Einstein, enviaria para lá. Um mês depois, estava no país, liderando uma equipe de quinze voluntários.

A dimensão da empreitada foi percebida logo que chegaram à base militar na fronteira com a República Dominicana. Conforme o avião se aproximava do campo de feridos, a paisagem ficava mais parecida com a de uma guerra. Milhares de pessoas mutiladas e doentes ocupavam tendas que serviam de abrigo.

Entre outras cenas chocantes, a enfermeira não esquece até hoje a do garoto com uma fratura exposta na perna que, junto com o pai, carregou o corpo da mãe por sete dias até encontrar um lugar para o funeral. “Pensei que não fosse aguentar tanto sofrimento”, lembra Cláudia.

A experiência no Haiti durou penosos dezessete dias. Depois disso, ela ainda voltou ao país por duas vezes. Pelo conjunto do trabalho ali realizado, recebeu em abril nos Estados Unidos o prêmio de “Enfermeira do Ano”, concedido pela associação Infusion Nurses Society. Em quarenta anos, nunca uma estrangeira havia sido escolhida para merecer a honraria. “Foi uma surpresa muito agradável e um reconhecimento ao esforço”, conta Cláudia, que tem 48 anos e se formou em 1989 como técnica em enfermagem pela Universidade de Guarulhos.

Hoje, ela coordena a criação do primeiro curso de terapia infusional do Brasil, com início programado para o segundo semestre e quase quarenta inscritos até o momento. Fora isso, ainda arruma tempo para participar de missões voluntárias nos fins de semana promovidas pelo Albert Einstein em favelas e outras regiões carentes de São Paulo. Os profissionais ajudam desde a organizar filas nos postos de saúde até a medir a pressão dos moradores. “Coragem e vontade de ajudar às vezes são mais úteis e importantes que o conhecimento teórico”, afirma, com boa dose de razão. 

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