Ciclistas aproveitam o primeiro dia útil da ciclovia na Paulista
Pessoas encararam o frio e usaram a ciclovia para ir ao trabalho; pista foi inaugurada no domingo (28)
A ciclovia recém-inaugurada na Avenida Paulista teve movimento razoável na manhã de seu primeiro dia útil. Em duas horas, 208 pessoas circularam pelos 2,7 quilômetros da pista vermelha inaugurada no último domingo (28). Para comparação, a da Avenida Brigadeiro Faria Lima recebe cerca de 1 700 ciclistas por dia, segundo a Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade).
A nova faixa está situada entre a Rua da Consolação e a Praça Oswaldo Cruz, no Paraíso, no Paraíso. Nem mesmo a temperatura de 13 graus afastou os novos frequentadores, que seguiam principalmente no sentido Consolação protegidos com cachecóis, óculos, casacos e toucas. O público era variado: pessoas de terno, roupas de ginástica, entregadores e skatistas (um deles sorria e conversava com alguém por meio de um “pau de selfie”).
Antes de ser inaugurada, ciclovia na Avenida Paulista já atrai ciclistas
Entre eles, estava a auxiliar administrativa Renata Finoti, de 37 anos, que cronometrava o tempo do novo caminho para o trabalho. “Levarei meia hora, provavelmente”, disse, ao calcular o tempo entre a Bela Vista, onde mora, e a Rua Vergueiro, na Vila Mariana, onde trabalha. “Antes, por outros caminhos, eu passava 45 minutos pedalando.”
Renata também elogiou o piso da nova faixa. “É bem diferente de outras em que eu ando na cidade, onde parece que ignoraram os buracos, o comércio e apenas jogaram uma lata de tinta vermelha no chão”, diz ela, que largou o carro há três anos.
Em certo momento da manhã, um carro parou sobre a faixa de bicicletas. Segundo os ciclistas, ele ultrapassou o sinal e tentou atravessar a Paulista pela Alameda Joaquim Eugênio Lima, mas acabou preso sobre a via. Alguns ciclistas então continuaram a andar pela pista de carros. Minutos depois, o veículo conseguiu sair e os ciclistas puderam continuar o percurso.
O teste das ciclovias da cidade
O jornalista Paulo Darcie, de 31 anos, também estreou a via nesta segunda-feira. Planejou pedalar 9 quilômetros entre o Paraíso, bairro onde mora, e o trabalho, no bairro Butantã, na Zona Oeste. “Levo quarenta minutos de bicicleta. O tempo é quase o mesmo do transporte público, a diferença é o sossego”, disse.
Projeto de expansão das ciclovias custa mais que o triplo do previsto
No último domingo (29) a Avenida Paulista foi tomada por ciclistas e curiosos que acompanharam a cerimônia de abertura com a presença do prefeito Fernando Haddad (PT). Por volta das 10h, a via foi interditada completamente para os veículos nos dois sentidos. As faixas exclusivas para bicicletas são uma das principais bandeiras da gestão de Fernando Haddad. Até março, o prefeito entregou 235,3 quilômetros dos 400 quilômetros que prometeu até o fim do ano.
Uma reportagem de capa de VEJA SÃO PAULO, publicada em fevereiro, mostrou uma série de problemas graves nas ciclovias de São Paulo. Somando-se os custos dos trechos entregues aos dos projetos em construção, a prefeitura está gastando, em média, 650 000 reais por quilômetro. Esse número representa mais que o triplo do orçamento inicial. A título de comparação, as ciclovias de Haddad custam cinco vezes mais que as de Paris.