Mais casas noturnas anunciam fechamento após tragédia no RS
Prefeitura e governo anunciaram fiscalização de segurança em danceterias após incêndio que matou 241 em boate de Santa Maria (RS)
Mais uma casa noturna de São Paulo anunciou que fechará as portas este fim de semana após o incêndio em uma boate de Santa Maria (RS), no último domingo (27), que deixou até agora 241 mortos. O clube Neu, na Água Branca, informou por meio do perfil no Facebook que vai cancelar o retorno das atividades do espaço por contratempos, entre eles “o ar condicionado e o novo sistema de pagamento”. “Preferimos não abrir desta forma, mantendo assim o compromisso de qualidade com nossos frequentadores”, explica o texto.
Além da Neu, o Studio SP, na Rua Augusta, e o Alley Club, na Barra Funda, Lions e Yatch (centro) também cancelaram suas programações, após a prefeitura e o governo anunciarem uma operação conjunta para fiscalizar a situação de segurança das danceterias da capital.
Em comunicado divulgado por meio do Facebook, o Alley declarou “solidariedade às famílias das vítimas do incêndio” e anunciou o fechamento por tempo indeterminado. O texto esclarece ainda que o local possui alvará de funcionamento.
Já o Studio SP informou que o espaço ficará fechado até domingo para passar por “uma ampla averiguação de todos os itens de segurança”.
A decisão foi tomada depois do encontro do prefeito Fernando Haddad com empresários do setor, que aconteceu nessa quarta-feira (30), para discutir os procedimentos de segurança das casas noturnas. Durante o evento, Alexandre Youssef, um dos proprietários do Studio SP, declarou que há quatro anos espera pelo alvará, em trâmite na prefeitura, mas que isso não significa que o espaço não seja seguro para o público.
+ Veja os itens de segurança para se observar na balada
Alvará
Em reunião na prefeitura, na quarta-feira, empresários da noite se queixaram do volume de documentos necessários para dar entrada no pedido de alvará, da demora para a concessão e apontaram divergências entre a capacidade máxima estabelecida pela prefeitura e o Corpo de Bombeiros.
De acordo com a secretária de Controle Urbano, Paula Motta Lara, há mais de 600 processos para concessão de alvará de casas noturnas sendo analisados pela prefeitura. A ideia, disse, é que esse processo seja acelerado para um prazo máximo de 90 dias, uma vez que o proprietário forneça todos os documentos exigidos.
Segundo ela, mesmo sem o alvará, algumas casas podem funcionar. Nestes casos, são empreendimentos que tinham outra função, como comércio, que atendem a todas as exigências do Corpo de Bombeiros, mas que precisam se readequar para o tipo de estabelecimento. “É emitido um alvará de autorização de funcionamento de seis meses, renovável por mais seis, até que o permanente seja emitido”, explica.
A titular da pasta afirmou também que haverá uma operação de fiscalização às boates pela prefeitura, mas não soube precisar quando começarão as blitze, que, segundo a secretária, ficarão a cargo das subprefeituras. “Estas pessoas que estão aqui, nós supomos que estão de acordo com a lei ou estão batalhando para que fiquem e que querem dialogar, o que me preocupa são os [proprietários] que não vieram”, disse.
Na reunião também foi discutida a formação de uma comissão permanente com representantes dos empresários da noite e da prefeitura para dialogar sobre o dia a dia das baladas.