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Estrangeiros dão nota 7,1 para São Paulo

Os restaurantes por quilo são os que mais fazem sucesso entre os turistas de outros países, que estão gostando também do transporte e da segurança

Por Ana Carolina Soares
Atualizado em 17 Maio 2024, 11h11 - Publicado em 4 jul 2014, 23h00
tabela - estrangeiros - copa do mundo
tabela - estrangeiros - copa do mundo (VEJA SÃO PAULO/)
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Um lugar seguro, limpo, com transporte público e infraestrutura eficientes, que oferece gastronomia boa e barata. Muitos moradores daqui jamais atribuiriam tais qualidades à capital. Pois essa é a imagem que está ficando de São Paulo para uma boa parcela dos aproximadamente 121 000 turistas de outros países que vieram para cá durante a Copa. Em pesquisa da SPTuris, empresa de turismo e eventos da metrópole, os estrangeiros aprovam a cidade e, se tivessem de dar uma nota a ela, seria 7,1. Foram ouvidas 3 025 pessoas entre 12 e 23 de junho. Durante o Mundial, em média, eles passam quatro dias por aqui e, em suas andanças, descobrem e aprovam serviços e atrações que, para a maioria dos paulistanos, passariam batido ou mesmo seriam rejeitados. Um exemplo: 79% desses forasteiros avaliam o transporte público como bom ou ótimo. Já entre os usuários habituais, só 35% gostam do serviço de ônibus, segundo a mais recente pesquisa da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), de 2012.

 

No campo da gastronomia, era esperado que a variedade de cozinhas e a qualidade de uma série de estabelecimentos estrelados fizessem sucesso. Mas os visitantes estão apreciando mesmo os restaurantes por quilo. “O movimento aumentou aproximadamente 30% por causa dos estrangeiros”, comemoraLázaro Henrique Silva, que há quinze anos gerencia um negócio do tipo na Rua Xavier de Toledo, perto da Fan Fest, evento oficial da cidade que reúne torcedores no Vale do Anhangabaú. Entre seus novos clientes está Jorge Vicentini, de 43 anos, professor que, ao lado do filho e de dois amigos, viajou 2 488 quilômetros de carro de Salta, na Argentina, onde mora, para São Paulo. “Gostamos porque eles têm preço justo”, elogia, para depois fazer uma provocação, bem ao estilo dos nossos velhos rivais no futebol: “Mas a comida em nosso país é bem mais saborosa”.

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Na mesa ao lado, Rosa Ortuela, de 54 anos, executiva em uma empresa de telecomunicação de Bogotá, capital colombiana, almoçava na última terça (1º) um prato com frango, salada, arroz e muito feijão-preto. Foram 554 gramas, que custaram 14,99 reais. “Você já vê a cara da comida, monta seu prato e paga pelo que come, sem desperdícios. Penso em abrir um na minha cidade”, afirmou. Nem todos os restaurantes paulistanos comemoram o movimento na Copa. Segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), enquanto os botequins estão 80% mais cheios, o movimento nas casas gastronômicas caiu em algumas regiões, como nos Jardins. Em geral, o turista estrangeiro tem preferido porções e comidas de rua. “Adorei esse sanduíche”, disse Adam Wininger, de 20 anos, estudante de administração de empresas de Los Angeles, nos Estados Unidos, enquanto comia com um grupo de conterrâneos dois churrasquinhos gregos em um boteco no Anhangabaú. Cada um custou 2,50 reais, com um suco de laranja grátis. Entre uma mordida e outra, ele e os amigos também elogiaram o metrô e os ônibus. “São limpos e estão por toda parte. É mais fácil se movimentar por transporte público aqui do que na minha terra”, acredita Wininger.

 

Fidel Felipe, 21, estudante de odontologiade São Francisco, também comparou São Paulo a sua cidade, nos Estados Unidos: “Como lá, aqui é sujo. Mas São Paulo tem muitos policiais nas ruas e muita diversão”. Entre as principais atrações visitadas na capital, os estrangeiros têm ido à Avenida Paulista, ao Museu do Futebol e à Vila Madalena. Mas há também os pontos turísticos menos convencionais. “Recebi mais de 100 estrangeiros durante a Copa. É o recorde de visitantes de fora do país em um mês”, diz Francivaldo Almeida Gomes, administrador do Cemitério da Consolação há treze anos. Esses visitantes vão para lá com o objetivo de conferir peças de arte tumular assinadas por artistas como Victor Brecheret. A equipe do Instituto Butantan precisou contratar três funcionários bilíngues para atender à demanda. “Temos visto a cidade em festa, cheia de turistas. Isso é muito bom”, comemora Wilson Poit, presidente da SPTuris. Segundo seus cálculos, teremos cerca de 700 milhões de reais de receita com o turismo gerado pela Copa.

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