Zélia Duncan: “’TôTatiando’ é um antídoto para o cotidiano áspero”
Cantora faz três últimas apresentações de espetáculo que mescla música e teatro
Zélia Duncan, 47, sempre foi apaixonada pelas canções de Luiz Tatit, mais conhecido pelos trabalhos com o grupo Rumo. No ano passado, quando completou trinta anos de carreira, a cantora de Niterói resolveu homenagear o compositor.
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Mais do que simplesmente regravar as obras do paulistano, elas se inspirou no aspecto teatral das letras de Tatit e criou, ao lado da atriz Regina Braga, um espetáculo que mescla show ao vivo e performance. O resultado, TôTatiando, pode ser visto nesta sexta (28), sábado (29) e domingo (30) no Tuca. São as duas últimas apresentações na cidade – depois segue para Belo Horizonte, Curitiba e Rio de Janeiro.
No palco, Zélia – amparada pelos músicos Webster Santos e Tercio Guimarães – canta e recita letras como a de Felicidade. “Sempre achei que para cada música dele havia um personagem”, afirma a artista, que troca de figurino e adereços entre as músicas. Neste sábado, pedirá maior concentração e silêncio do público: será feita a gravação de um DVD.
Confira um bate-papo com a cantora:
VEJA SÃO PAULO — Como descobriu a obra de Luiz Tatit?
Zélia Duncan — Tive contato com a obra de Tatit quando eu ainda morava em Brasíia, nos anos 80. Cheguei a gravar algumas músicas dele, como Capitu e A Companheira. Os anos foram se passando e eu fui levando o repertório dele comigo. Sempre achei que para cada música dele havia um personagem. As melodias eram mais faladas do que propriamente cantadas. Então, sugeri para a Regina Braga a ideia de fazermos um espetáculo sobre a obra dele. Para a minha surpresa, ela gostou muito. O resultado é muito delicado, e as pessoas saem tocadas pela simplicidade das letras. É um antídoto para o cotidiano áspero.
VEJA SÃO PAULO — TôTatiando é um espetáculo com muitos elementos teatrais. Qual é a sua relação com o teatro?
Zélia Duncan — Quando eu comecei a cantar profissionalmente, no Rio, entrei para a Casa de Artes de Laranjeiras, onde tive algumas experiências no palco. Nunca quis ser atriz, mas sabia que as ferramentas do teatro poderiam me ajudar como cantora. Eu também sempre fui rodeada de atrizes. Já fiz shows sob direção de Bete Coelho e Ana Beatriz Nogueira.
VEJA SÃO PAULO — E como você avalia a cena atual da música em São Paulo?
Zélia Duncan — Eu acho que o que há de mais de interessante na música brasileira, nos últimos vinte anos, veio de São Paulo. Por exemplo, a cantora de que eu mais gosto na atualidade é a Tulipa Ruiz. Diferente da maioria dos artistas que estão surgindo agora, ela não se limita a copiar tudo o que já foi feito. Já dividi o palco com ela uma vez e foi uma ótima experiência. Quando eu voltar ao estúdio para fazer um álbum autoral, adoraria gravar uma música com ela.
VEJA SÃO PAULO — Quais são seus próximos projetos?
Zélia Duncan — Acabei de gravar um disco só com composições do Itamar Assumpção. Quando estava começando minha carreira, o meu sonho era ir a São Paulo e me tornar backing vocal da banda dele. O novo disco se chama Tudo Esclarecido, foi produzido pelo Kassin e deve ser lançado ainda este ano.