Saiba como foram as primeiras horas do evento
Policiais confirmaram furtos e corre-corre na região do Largo do Arouche, que sofreu com arrastões
A Virada Cultural começou oficialmente às 18 horas de hoje. Lobão subiu ao palco da Avenida São João energicamente (e fez homenagem ao Racionais MC’s) e o público se aglomerou para ver Raça Negra. Daniela Mercury é atração no palco Júlio Prestes. O Teatro Municipal tem uma programação que celebra grandes discos da música brasileira por seus intérpretes no palco e já tinha fãs aguardando na porta às 7h da manhã desde sábado (18), primeiro dia da Virada Cultural 2013. A baiana Daniela Mercury, que recentemente assumiu, colocando uma foto no Instagram, um relacionamento com uma mulher, fez um discurso contra a homofobia no qual defendeu o casamento gay. O público, recebeu as palavras da cantora com entusiasmo.
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Às 21 horas, Gal Costa começou seu show na Estação da Luz, para delírio do público, com Da Maior Importância. Na Praça da República, Leandro Lehart subiu ao palco com mais de uma hora de atraso e a plateia reclamou. Billy Cox, ex-baixista de Jimi Hendrix, levou o público do palco São João ao delírio (marcado para as 20h). Hits como Stone Free e Red House fizeram parte do repertório em tributo ao guitarrista, verdadeira lenda do rock.
A Policia Civil avisou que farão ações durante toda a Virada para apreender ambulantes ilegais. O procedimento é averiguar as documentações, os produtos e encaminhar à delegacia, quando necessário. Até o início da noite, foram poucas as apreensões e o foco é aqueles que estejam vendendo bebidas alcoólicas para menores.
Uma das primeiras vítimas -anunciadas – da malandragem no centro foi o senador Eduardo Suplicy. Durante o show de Daniela Mercury, ele teve celular e carteira furtados. Mais de dez minutos depois da apresentação ter se encerrado, Daniela e Suplicy subiram juntos ao palco para fazer um apelo ao bandido. Quinze minutos depois, ele voltou ao palco e disse ter recuperado os documentos, dizendo: “Se puder devolver também o celular agradeço. Me poupou um extraordinário trabalho ter devolvido os documentos”.
A partir das 23 horas, repórteres de VEJA SÃO PAULO presenciaram arrastões na região do Largo do Arouche. A polícia que está no local confirma e se mobiliza para combater os crimes. O 2º DP do Bom Retiro, onde estão sendo concentrados os casos da Virada, confirma registros de furtos de carteiras, celulares e bonés, mas ainda não tem dados consolidados para divulgar. Leia abaixo como foram as primeiras horas do evento em algumas regiões do centro:
* NA LUZ *
O acesso à região ficou difícil durante o show lotado de Gal, um dos mais prestigiados da noite. Apesar dos arrastões no Largo do Arouche, a região do palco principal estava aparentemente tranquila. Segundo a PM, alguns frequentadores reclamaram de batedores de carteira na Rua Santa Ifigênia. Policiais recomendam mais cuidado na madrugada. A reportagem atravessou um grande tumulto na saída da Júlio Prestes pela rua Mauá, por volta da 0h30, por onde muita gente chegava para ver o duo de hip hop Black Star. Banheiros químicos eram numerosos e as filas, pequenas, no entorno do palco. Botecos da redondeza cobravam para usar o banheiro. Barraquinhas de pastel vendiam a unidade por R$ 5,00.
* NA REPÚBLICA *
No começo da noite, eram poucos os visitantes e as barracas de comida que ainda estavam sendo erguidas. Mesmo no início do show da banda Raça Negra, que começou pontualmente, o movimento era tranquilo. O público agradeceu e cantou junto durante todo o show. Luís Carlos, vocalista da banda, aplaudia o coro da plateia.
Lá pelas 20h, o movimento aumentou exponencialmente. A multidão vaiou os músicos do Leandro Lehart, que entrou no palco com uma hora e quinze minutos de atraso. E, depois, o palco teve problema com o som.
No metrô, à meia-noite, o público ainda chegava no evento e as saídas das estações estavam abarrotadas.
* NO AROUCHE *
Às 17h, o Largo do Arouche estava tranquilo. Pouca gente na praça e muito policiamento. A cantora Luê fez passagem de som e quem passava pela região fez uma pausa em frente ao palco. Por volta das 18h, o barulho da multidão que se aglomerava para curtir o show do Lobão tomou conta do pedaço, mesmo que de longe. Vinte minutos depois, o La Casserole, com vista para o charmoso Mercado das Flores, serviu suas duas primeiras porções de sopa de cebola, a convidativos R$ 5,00. Mas foi só uma gentileza a um casal que passava por ali. O restaurante só começou o serviço para valer às 19h05. A fila, por sua vez, já estava formada desde as 18h40. A proprietária Marie-France Henry estava coordenando os réchauds e os funcionários pessoalmente.
No final da noite, por volta de 23h30, com Sidney Magal no palco do Arouche, a polícia se mobilizou contra os arrastões e reuniu uma equipe de aproximadamente cinquenta soldados para circular no local. O cantor abriu sua apresentação pedindo: “Se vocês fizerem uma marcha pela paz, como fazem aqui, na Virada Cultural, certamente seremos um país melhor.”
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* NO TEATRO MUNICIPAL *
A Virada começou cedo em frente ao Teatro Municipal. Por volta das 15h, pelo menos duzentas pessoas aguardavam a abertura da bilheteria, que aconteceria às 16h – uma hora antes do anunciado – para a apresentação da Orquestra Sinfônica de São Paulo. Mesmo sabendo que os convites para o show de Fagner só aconteceria às 19h, fãs do cantor começaram a se aglomerar em torno do Teatro, com filas que davam voltar pela Praça Ramos e voltava para frente do teatro.
O cantor gospel Max Feliciano era o segundo na fila de Fagner. Há 26 anos em São Paulo, ele saiu do Rio Grande do Norte para tentar a carreira de cantor, como Fagner. Não deu certo e ele migrou para música gospel. “Fagner marcou uma fase da minha vida. Eu cheguei a abrir shows para ele no nordeste”, conta. Por isso, não se importou em chegar às sete da manhã para pegar o ingresso. “Na verdade, eu achei que tinha chegado tarde, porque tinha visto que os ingressos seriam entregues às 10h”, disse. Sobre frio e fome, Max não se importa. “Eu sou nordestino e nordestino aguenta tudo”.
Em primeiro lugar na fila estava a estudante Aline Rojas, de 18 anos, e há um é fã de Fagner. Ela recebeu de um amigo toda a discografia e desde então garante que sabe todas as letras. “Não ia perder, ainda mais pelo lugar. O Teatro é incrível”.
A distribuição dos convites para a Orquestra aconteceu normalmente, salvo algumas pessoas que achavam que os ingressos eram para Fagner e foram obrigadas a voltarem ao fim da fila. Um telão transmitia a apresentação da Orquestra: boa imagem, som, não.
Alguns minutos antes das 19h, começou a distribuição dos ingressos para o show de Fagner. Idosos conseguiam passar na frente. Vinte e seis minutos e os ingressos se esgotaram, com protestos do público. Dentro do teatro, o show demorou 50 minutos para começar, atrasando toda a programação do espaço.
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