Vik Muniz é curador de mostra de Op Art
Setenta obras do gênero são apresentadas na exposição <em>Buzz</em>
Na metade do caminho entre a pop art e a arte cinética, a chamada optical art costuma ser considerada uma escola estética de alcance limitado. O estilo prega, por exemplo, certa rigidez quanto aos truques de ilusão de movimento, o distanciamento expressivo e emocional do criador e a recriação incessante de padrões cromáticos. Para alguns observadores, isso confere à op art um aspecto caricato e repetitivo. Uma boa prova da fragilidade desses argumentos, porém, encontra-se na exposição Buzz, em cartaz no excelente novo espaço da Galeria Nara Roesler, integrado à antiga casa e onde funcionava a extinta Galeria Thomas Cohn.
Para escapar dos clichês habituais, o curador Vik Muniz selecionou setenta trabalhos não apenas da op art convencional, mas também peças realizadas antes e depois dela. Incrementa, dessa maneira, a rede de comparações e relaciona os artistas a outras vanguardas modernistas influentes, a exemplo do suprematismo, do construtivismo e do neoplasticismo.
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Os nomes mais óbvios não ficaram de fora da bem organizada montagem. Caso dos venezuelanos Carlos Cruz Diez e Jesus Rafael Soto, além do húngaro Victor Vasarely, todos com um pé aqui e outro no cinético. O chileno Iván Navarro engana o público ao espelhar luzes de neon numa porta e dar a falsa impressão de profundidade. Dos brasileiros selecionados, há a matemática geométrica dos concretistas (Waldemar Cordeiro, Hermelindo Fiaminghi, Hercules Barsotti) e a liberdade quase tridimensional dos neoconcretistas (Hélio Oiticica, LygiaPape), até chegar ao ecletismo dos contemporâneos Iran do Espírito Santo e Rodolpho Parigi. Vale a pena ainda observar a delicadeza da britânica Bridget Riley e do alemão Markus Linnenbrink. Curiosidade: marcam presença duas xilogravuras do alemão Josef Albers, bastante incomuns para quem conhece apenas a famosa série Homenagem ao Quadrado.
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