“A impressão que eu tive era de que estava chegando a uma nova sociedade”
Diário da Quarentena: médica e vencedora do BBB 20, Thelma Assis conta como foi sair do programa em meio à pandemia
Quando o Tiago (Leifert, apresentador do Big Brother Brasil) anunciou que eu havia ganho, não sabia se estava sonhando ou se era real aquilo que ele estava falando. Junto com o dia do meu casamento e o da minha formatura, a vitória no BBB é um dos momentos mais especiais da minha vida. Logo que saí da Globo, fui para um hotel. Ainda estava fora da realidade, sem saber muito sobre a pandemia. Ficava muito na internet vendo a repercussão da final.
Quando cheguei ao aeroporto do Rio de Janeiro (Galeão), levei o primeiro baque. Estava tão vazio, as pessoas usavam máscara e, na fila para embarcar, mantinham o distanciamento recomendado. A impressão que eu tive era de que estava chegando a uma nova sociedade. Fiquei muito insegura, com umas dúvidas bobas. Comprei uma garrafa de água e, na hora de beber, perguntei se tinha de ir para uma área isolada, já que abaixaria a máscara. Meu marido (o fotógrafo Denis Cordeiro) riu e disse que não. Era como entrar em um jogo sem saber as regras. No Aeroporto Internacional de Guarulhos, essa sensação se repetiu, mas já a caminho de casa eu me acalmei.
Assine a Vejinha a partir de 6,90
Estava morrendo de saudade do meu cantinho. Gosto do meu quarto, da minha cozinha, da varanda, mas, assumo, agora estou ficando mais na sala, onde montamos meu estúdio para fazer as lives. Minha rotina mudou muito. Antes, acordava às 5h30, pegava o carro e ia para o hospital (a médica se desligou do trabalho como anestesiologista para participar do reality). Lá, ficava doze horas trabalhando. Voltava cansada para o nosso apartamento (no bairro de Pirituba) e dormia para fazer tudo de novo no dia seguinte. Agora, fico na cama até mais tarde e tenho mais tempo para o Chico (cachorrinho). Pelo menos uma vez por semana, tiro um tempo e dou um bom banho de creme no meu cabelo. Em julho, quero voltar a fazer exercício físico. Auxilia na saúde mental. Às vezes, fico muito sensível, o que me ajuda é estar com o Denis, meu porto seguro. Também tenho pensado muito no que é de fato importante na vida. Antes, nossa preocupação era onde passar o Natal. Agora, a questão não é o lugar, mas se poderemos nos reunir nessa data.”
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 1º de julho de 2020, edição nº 2693.