Tabacaria de luxo abre as portas em São Paulo com harmonização de charutos
Com especialista cubano entre os sócios, espaço tem poltronas de couro, obras de arte e até marca própria de charuto produzido no Brasil
Aqui o cara pode fumar sem a esposa reclamar da fumaça”, brinca José Luiz Monteis, um dos sócios da Europa Lounge, nova tabacaria de luxo aberta na Avenida Europa com salas privativas e ambientes para bebericar e experimentar um charuto.
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“É um prazer capaz de oxigenar minha cabeça”, romantiza José, que mantém a profissão no ramo imobiliário e encontrou no hobby uma oportunidade de investimento, feito com os sócios Humberto Dominguez e Yunier Alvarez Perez. “Nos empolgamos e passou da conta: gastamos cerca de 1 milhão e meio de reais com reformas e a compra do local.”
Em uma casa tombada pelo patrimônio histórico, o cheiro forte de tabaco é o primeiro a invadir as narinas de quem abre a porta. Para os adeptos, esse é o odor que sinaliza o ritual “quase meditativo” de acender um cubano Cohiba Behike ou o Arturo Fuente Don Carlos, da República Dominicana — ambos estão à venda no umidor, nome dado à cabine climatizada que armazena as caixas de charutos, muitos deles produzidos em Cuba, outros trazidos de países como Nicarágua e vários fabricados aqui mesmo, no Brasil.
O “cardápio” inclui até uma versão própria dos fundadores: o Seis14, feito em Cruz das Almas, no Recôncavo Baiano, onde o cubano Yunier mantém fábrica própria. “Nem todo mundo sabe, mas eles costumam ser 100% feitos a mão”, explica. Por esse processo cheio de detalhes, algumas opções do espaço podem chegar a custar 1 700 reais cada unidade (as versões mais em conta giram em torno de 90 reais).
Com consumo mínimo de 145 reais para cada cliente, os frequentadores não precisam marcar hora ou pagar entrada, mas o grupo recomenda fazer reserva para as salas do 2º andar. “Onde muitos fecham negócios entre um charuto e outro”, observa José.
A sala com lareira, no térreo, é uma das áreas mais disputadas, mas é no deque dos fundos que acontecem alguns eventos e harmonizações. “Mesmo depois de anos no setor de bares, acho que nunca trabalhei com tanta intensidade como aqui”, disse o gerente Reginaldo Nascimento enquanto organizava as fileiras de cadeiras na área coberta. “O público é exigente e só costuma retornar com frequência quando gosta da experiência.”
Um dos destaques é o menu criado pelo especialista Alexandre Avellar, que harmoniza charutos e drinques. “São três etapas de degustação: uma bebida para cada ‘terço’ do charuto, com combinações de conhaque, cachaça e negroni, por exemplo”, resume José.
As preferências ao escolher a marca normalmente variam de acordo com a experiência: mais suaves para novatos e mais fortes entre veteranos. E, embora o público masculino seja maioria em tabacarias como essa, muitas mulheres descobriram esse prazer na pandemia, segundo os sócios. “Hoje existem confrarias exclusivas e elas chegam aqui sozinhas ou entre amigas.”
Outro detalhe da empreitada é a decoração assinada pela arquiteta Cristina Bozian, que apostou nas poltronas de couro e em quadros repletos de cor do artista plástico Jotapê, todos à venda também. “O ato de fumar um charuto leva tempo, então o conforto é parte importante”, ressalta Yunier. “A ideia é manter o clima residencial para que todos fiquem à vontade”, acrescenta José. “Queremos transformar isso aqui num ícone do charuto.”
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Publicado em VEJA São Paulo de 25 de maio de 2022, edição nº 2790