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Broadway SP: capital vive boom de musicais com 14 produções em cartaz

Nova versão de Chorus Line, no Teatro VillaLobos, e outros treze musicais em cartaz ao mesmo tempo refletem a evolução e o bom momento do gênero na cidade

Por Laura Pereira Lima
9 out 2025, 12h47
Cena da atual montagem de Chorus Line
Cena da atual montagem de Chorus Line (Caio Galucci/Divulgação)
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Raul Gazolla nem sonhava em passar na audição da versão brasileira de 1983 do musical “A Chorus Line”. Ele sabia um ou outro passo de dança, resultado de um ano de aulas, tinha participado de algumas peças amadoras, mas nunca tinha feito uma aula de canto sequer.

“Estava lá pela experiência de participar de um teste para um espetáculo profissional”, lembra o artista, que, por conta disso, enfrentou as longas etapas da seleção com muita tranquilidade. Surpreendendo até a si próprio, ele passou. E mudou sua vida.

Corta para 2025: 42 anos depois de estrear profissionalmente nos palcos, Gazolla revisita o espetáculo que se tornou um marco do musical no Brasil em uma nova versão em cartaz no Teatro VillaLobos, com direção e coreografia de Bárbara Guerra.

A montagem marca os cinquenta anos da estreia original do musical, sucesso imediato que ficou quinze anos em cartaz em Nova York e recebeu uma adaptação cinematográfica em 1985, estrelada por Michael Douglas.

Criada por Michael Bennett, a peça acompanha dezessete bailarinos apaixonados pelo ofício que disputam concorridas oito vagas para o coro de um musical da Broadway. Os artistas rivalizam e se esforçam em complexas coreografias, deixando escapar medos, memórias de infância e sonhos.

“Foi um espetáculo que desconstruiu tudo que se fazia na época. Muito revolucionário trazer o coro como protagonista”, conta Bárbara. “Também por isso, é um desafio para a direção, porque todos estão em cena o tempo todo”, completa a diretora.

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Raul Gazolla retorna a Chorus Line
Raul Gazolla retorna a Chorus Line (Caio Galucci/Divulgação)

Gazolla retorna em um papel diferente. Na nova adaptação, assinada por Miguel Falabella, ele interpreta Zach, rígido diretor responsável por selecionar o elenco do coro, que aos poucos vai mostrando seu lado humano.

“A primeira versão foi um momento muito bom da minha vida. Estou adorando reviver aquela época”, conta o ator, que ficou emocionado com o convite. Vencedor de nove prêmios Tony e um Pulitzer de Drama, ‘A Chorus Line’ foi um marco na história dos musicais brasileiros quando aportou em São Paulo, na década de 80.

“Ninguém tinha visto um espetáculo como aquele no Brasil”, lembra Maiza Tempesta, bailarina que participou da versão de 1983. Foi ali, inclusive, que outros grandes nomes da cena cultural brasileira deram alguns de seus primeiros passos profissionais, como Claudia Raia e Totia Meireles.

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Maria Lucia Priolli, Thales Pan Chacon, Márcia Albuquerque, Ricardo Viviani, Claudia Raia e Alonso Barros: artistas da versão de 1983
Maria Lucia Priolli, Thales Pan Chacon, Márcia Albuquerque, Ricardo Viviani, Claudia Raia e Alonso Barros: artistas da versão de 1983 (Ary Brandi/Acervo pessoal/Divulgação)

Novo cenário

Hoje uma das capitais internacionais do gênero, São Paulo não estava, à época, muito preparada para receber musicais daquele porte. A produção foi levantada com figurinos e cenários emprestados da versão original e diretores foram “importados” da Broadway. “Os produtores tiveram que contratar geradores para sustentar todas as luzes que a peça usava”, recorda Gazolla.

Agora, o cenário é outro. A ficha técnica é composta por nomes nacionais tarimbados, a exemplo de Theodoro Cochrane, criador dos figurinos glamourosos de alfaiataria.

“Hoje é uma loucura, tem um monte de musicais em cartaz, com ingressos esgotados um mês antes”, constata Maiza Tempesta, que há trinta anos criou e coordena a TeenBroadway, uma das primeiras escolas com a proposta de profissionalizar jovens especificamente para o teatro musical, oferecendo uma formação diversa nas áreas artísticas. Ela conta que quando a criou, em 1996, as pessoas sequer sabiam o que era o gênero.

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“Desde então, criamos um público que antes não existia”, pontua. Só em outubro, essa turma conta com mais de catorze produções se apresentando simultaneamente na capital.

Os artistas, por sua vez, estão cada vez mais preparados e, diferentemente do jovem Gazolla de 1983, já dominam as técnicas artísticas exigidas. Se a versão anterior consumiu três meses e meio de ensaios, com diárias de nove horas que incluíam aulas de balé clássico, sapateado, jazz, canto e interpretação, a montagem atual, por sua vez, se construiu em apenas seis semanas.

Com a TeenBroadway, Maiza acompanhou de perto a nova geração de profissionais. Por suas aulas passaram nomes como Larissa Manoela e Tiago Abravanel, além de cinco membros do novo Chorus Line. “Fico muito orgulhosa e emocionada de vê-los no palco”, revela a professora.

Um de seus alunos em cena é Bia Vasconcellos, que interpreta Vick, Judy, Maggie e Bebe — os atores se revezam nos personagens a cada sessão. “Lembro que eu ficava vendo uma parede cheia de homenagens a Chorus Line que a Maiza montou na TeenBroadway. Quando soube da audição, fiquei muito empolgada”, conta a artista, que, aos 19 anos, é a mais jovem do elenco.

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Elenco de
Elenco de 2025 (Caio Galucci/Divulgação)

Ela, assim como muitos colegas de palco, se identifica com os anseios e os medos vividos pelos bailarinos retratados no espetáculo. “É uma peça que fala sobre nós, artistas. A Maggie, por exemplo, sempre viu o balé como uma válvula de escape. Para mim, a dança também é isso, uma forma de fugir da realidade”, compartilha. A estrutura pode ter mudado muito, mas a história permanece a mesma. “É um musical universal”, resume Bárbara Guerra. E muito bonito de ver.

Publicado em VEJA São Paulo de 10 de outubro de 2025, edição nº 2965

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