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Cinemateca reabre nesta sexta e celebra José Mojica Marins, o Zé do Caixão

Agenda inclui exibição de filmes poucos conhecidos do ator e cineasta, morto em 2020, como "A Praga" (1980), que ficou perdido por mais de duas décadas

Por Barbara Demerov e Júlia Rodrigues
Atualizado em 27 Maio 2024, 22h01 - Publicado em 13 Maio 2022, 06h00
Prédio da Cinemateca, na Vila Mariana
O prédio na Vila Mariana (Caio Brito e João Pedro Albuquerque/Divulgação)
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Maria Dora Mourão, professora titular aposentada da ECA-USP, assumiu a direção da Cinemateca Brasileira em março deste ano com a promessa de reabrir a sede agora em maio — a instituição estava fechada desde 2020. Cumprindo a palavra, a entidade — responsável pela preservação e divulgação do maior acervo audiovisual do Brasil — volta a receber o público no fim de semana e o tema não poderia combinar mais com uma sexta-feira 13: nessa noite, o cineasta e ator José Mojica Marins (o Zé do Caixão) será homenageado com o filme inédito A Praga (1980) e o curta-metragem A Última Praga de Mojica (2021).

+Com nova gestão, Cinemateca planeja reabertura para maio deste ano

No sábado e domingo, a mostra O Cinema sem Medo de Mojica continua com diversos títulos pouco exibidos do mestre do terror brasileiro. É o caso de A Encarnação do Demônio. Para Maria Dora, esse momento de reintegrar a Cinemateca na rotina das pessoas traz alívio, mas ela adianta que nada será feito às pressas. “Poder receber as pessoas novamente é especial, mas tudo está sendo feito com qualidade. Reabrir por reabrir não faria sentido. Iremos devagar”, garante. Além da mostra, a Semana ABC (evento que, desde 2002, apresenta novas tendências ao mercado, estudantes e trabalhadores do audiovisual) também acontece em maio, entre os dias 25 e 28.

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Pôster do filme “A Praga”, restaurado e finalizado por Eugenio Puppo (Divulgação/Divulgação)

Sobre a escolha de iniciar o processo de reabertura com o tributo a Mojica, Dora diz que tudo se deu pelo fato de o cineasta, falecido em 2020, estar presente no imaginário dos jovens — um dos públicos-alvo da instituição, cuja missão é destacar a importância da preservação da memória. “É um cinema popular e diferenciado. Nenhum de seus filmes foi realizado com altíssimos recursos, mas as obras têm personalidade e o jovem se identifica com essa irreverência. É algo que vai além das unhas compridas do Zé do Caixão”, explica. A gestora conta que o produtor Eugenio Puppo, responsável por restaurar A Praga, ofereceu o filme, que será exibido pela primeira vez no país durante o evento dessa sexta. “Pensei: por que não fazer homenagem ao cinema nacional através de Mojica?”, lembra Dora.

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+Os personagens por trás da derrocada da Cinemateca de 2013 para cá

O processo de restauração, edição e finalização da película foi iniciado por Puppo em 2001. “Mojica me procurou para que fizesse uma retrospectiva de suas obras. Perguntei se havia algum trabalho inédito e ele me respondeu que sim, mas que não sabia onde estava. Em seu acervo gigantesco, encontrei um saco com rolos de super-8, que descobri serem os negativos de A Praga”, conta. O filme foi inspirado no episódio homônimo da série Além, Muito Além do Além, idealizada por Mojica e o roteirista Rubens Lucchetti, exibida na TV Bandeirantes entre 1967 e 1968.

José Mojica Marins, um homem de meia-idade, branco, de barba e cabelos escuros. Usa uma cartola e uma capa preta e aparece dos ombros para cima em frame do filme
Zé do Caixão: José Mojica Marins, cineasta e ator que faleceu em 2020 (Divulgação/Divulgação)
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+José Mojica Marins, o Zé do Caixão, morre em SP aos 83 anos

A vida de Juvenal, homem amaldiçoado após tirar fotos de uma mulher que revela ser uma bruxa, também virou história em quadrinhos em 1969. Em 2020, após a morte do cineasta, Puppo decidiu continuar a restauração por conta própria, modificando a versão prévia finalizada em 2007 com adoção de tecnologias atuais. Para isso, os negativos foram escaneados em 4K em um laboratório nos Estados Unidos e receberam trilha sonora original. O curta A Última Praga de Mojica (2021), dirigido por Puppo, Cédric Fanti, Matheus Sundfeld e Pedro Junqueira, aborda o processo de conclusão do média-metragem, com imagens inéditas do homenageado. “O curta mostra a importância de cuidar, recuperar e restaurar os acervos cinematográficos. A Praga era considerado um filme perdido, jogado em algum lugar. Tem tudo a ver com a Cinemateca”, define Puppo.

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Publicado em VEJA São Paulo de 18 de maio de 2022, edição nº 2789

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