Conheça o primeiro casal a conseguir junto a faixa preta de Krav Maga
O que começou como aulas despretensiosas de presente de aniversário, se tornou carreira para Vanessa e Bruno
Quando o Bruno voltou todo empolgado daquela primeira aula de Krav Maga, em 2008, pensei: ‘Nossa, será que é tão legal mesmo? Acho que vou experimentar’.
A aula tinha sido meu presente de aniversário para ele, que estava em busca de uma nova atividade física. Era uma ideia despretensiosa: três meses de treinamento grátis, em uma academia perto de casa. Virou a nossa paixão.
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Neste mês de setembro, nós recebemos nossas faixas pretas pela Federação Sul-Americana de Krav Maga (FSAKM). Nos registros oficiais, somos o primeiro casal do mundo a conquistar junto a graduação máxima dessa luta israelense voltada à autodefesa. Eu me tornei a segunda mulher faixa preta da América Latina.
Eu e Bruno (ele tem 42 anos) nos conhecemos na adolescência, por intermédio de amigos em comum. Nos reencontrarmos quando eu tinha 20 anos. Saímos e, depois de alguns meses, começamos a namorar. Em dezembro de 2014, quando o Krav Maga já era parte de nossa vida, nós nos casamos.
Na lua de mel, fomos com a FSAKM para Israel, no mês de janeiro. Abrimos mão da tradição romântica das viagens apenas de lazer e celebração: tínhamos o intuito de treinar. Aproveitamos, claro, para fazer turismo no país. Sempre quis descobrir uma maneira de me defender melhor. Achava que não conseguiria aprender uma luta, porque sou pequena, tenho 1,60 metro. Mas acabei me encontrando no Krav Maga.
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É um sistema de combate israelense reconhecido mundialmente como uma autodefesa, não uma arte marcial. Foi criado na década de 40 para que qualquer pessoa, independentemente do gênero, idade ou preparo físico, possa se defender de agressores, armados ou não. Envolve técnicas de defesa contra armas, facas e golpes. O treinamento é adotado por diversas forças de segurança ao redor do mundo.
Eu, em 2016, e o Bruno, em 2020, deixamos nossos empregos de professora e bancário para viver do Krav Maga. Hoje, somos instrutores em Mogi das Cruzes, Jundiaí e Campinas. Já são dez anos dando aulas da modalidade — e pensar que, a princípio, meu objetivo era só alcançar a terceira graduação, a faixa laranja… Nunca imaginei que chegaria à preta, de verdade.
Nos últimos anos, enormes desafios marcaram essa caminhada. A pandemia dificultou muito os treinamentos. As academias, claro, precisaram fechar. Além do prejuízo, eu não conseguia fazer os exercícios físicos de preparação para o exame da faixa preta.
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Em 2020, tivemos nosso primeiro filho, o Gabriel. Somadas, a gravidez e a pandemia diminuíram bastante a quantidade de treinos que eu deveria ter feito no período. Recuperar o condicionamento do corpo foi uma batalha. Tive de treinar em dobro para voltar ao auge físico e técnico exigido pelo exame. A longa jornada terminou em setembro, da melhor maneira possível: faixa preta em casal.
Hoje, o Gabriel tem 2 anos e só nos dá alegria. Já demonstra interesse pelo Krav Maga. Quando a gente explicou o que faz, ele se encantou. Agora, quando vê a gente com a faixa preta, ele pergunta: ‘Mamãe, e a minha faixa preta? Quando eu vou ter?’.”
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Publicado em VEJA São Paulo de 05 de outubro de 2022, edição nº 2809