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“Encontramos a cura para o vaginismo e hoje vamos ter um filho”

Pamela conta que o tratamento com fisioterapia pélvica e o apoio do marido, Douglas, com quem namora desde a adolescência, foram fundamentais para a melhora

Por Pamela Atina, 27, em depoimento a Júlia Rodrigues
2 set 2022, 06h00

“Eu e o Douglas nascemos em São Paulo, mas nos conhecemos no primeiro ano do ensino médio, em 2010, quando já morávamos em Praia Grande, no litoral. Estudávamos na mesma escola e, apesar de sermos de salas diferentes, tínhamos amigos em comum. Um dia, enquanto ele e outro colega me levavam para casa depois da aula, eu o chamei para um evento na igreja que eu frequentava. Ele, que não tinha religião, topou e, a partir disso, não nos desgrudamos mais. Íamos juntos para a escola de manhã, ele me levava para casa à tarde e, à noite, encontrávamos outros amigos na igreja. Eu sempre fui muito reservada, tinha medo de ficar com os meninos e queria esperar pela pessoa certa. O Douglas me chamou a atenção justamente por ser parecido comigo, mais quieto e acanhado.

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Durante um ano, fomos apenas amigos, mas, como estávamos sempre juntos, o pessoal da igreja começou a insinuar que éramos um casal. Um tempo depois do primeiro beijo, Douglas me pediu em namoro na minha casa, que já frequentava bastante. Assim como no meu caso, eu fui a primeira namorada do Douglas. Como fui criada em um ambiente muito religioso, sempre tive a intenção de namorar para casar. Já o Douglas começou a pensar do mesmo jeito quando me conheceu.

A primeira reação da minha família ao namoro não foi das melhores, lembro que meu pai ficou bravo quando contei. Mas, conforme o tempo passava, eles perceberam que estávamos felizes e começaram a nos apoiar.

Pamela e Douglas posam um ao lado do outro quando adolescentes
O casal durante o Ensino Médio: primeiro amor (Divulgação/Divulgação)

Desde adolescentes curtimos muito fotografia e edição. Por isso, depois da escola, ingressamos em um curso de produção multimídia em Santos. Fazíamos todos os trabalhos em dupla. Um tema que eu curtia muito era fotografia e filmagem de casamentos, o que acabou virando uma das ideias para o nosso trabalho de conclusão de curso.

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Nosso relacionamento avançava, abrimos nossa empresa, a Arco e Flash Fotografia, e fomos morar juntos, porém, toda vez que tínhamos relações sexuais, nunca conseguíamos a penetração. Era como se houvesse uma barreira no canal vaginal. Eu não tinha noção de que poderia ser um problema, até porque tínhamos uma vida sexual ativa, só que sem a penetração. Acreditava que não estava pronta, que quando casássemos tudo ia acontecer normalmente. Queríamos que nosso casamento tivesse uma festa linda, em um local próximo à natureza. Os planos não deram certo e optamos por casar no civil e fazer uma comemoração a dois na Patagônia, no Chile. Comprei um vestido de noiva pela internet e nós mesmos tiramos as fotos.

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Ao contrário do que eu esperava, mesmo depois de casados a dificuldade e a dor na penetração persistiram. Foi aí que percebi que tinha algo errado. Busquei na internet e encontrei alguns poucos sites falando sobre o assunto. Conheci o termo vaginismo e vi algumas indicações de tratamento com dilatadores vaginais. Resolvi comprar e usar por conta própria. Os dilatadores possuem vários tamanhos, do menor ao maior. Em casa, consegui introduzir apenas os menores e logo desanimei. Passaram-se anos e acabei me acostumando com a situação. Meu marido sempre foi compreensivo, me aconselhava a prosseguir com o tratamento.

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Pamela e Douglas sentados em uma pedra em uma montanha da Patagônia. Ela usa um vestido de casamento e ele um terno
Pamela e Douglas: casamento no Chile (Arco e Flash Fotografia/Divulgação)

Eu só fui buscar a cura depois que eu e o Douglas brigamos e ficamos sem contato. Nesse tempo em que fiquei sozinha, o vaginismo, que já me afetava, me deixou ainda pior. Iniciei o tratamento profissional com uma fisioterapeuta pélvica, que me ensinou que, para inserir os dilatadores, é preciso aprender a respirar e relaxar. Nesse tempo, eu e o Douglas fizemos as pazes. Quando conseguimos finalmente a penetração, eu chorei de felicidade.

Acho que aprendemos muito com esse processo, pois descobrimos que a penetração não é a única forma de fazer sexo e sentir prazer. Eu relatei meu processo de cura no meu canal do YouTube e não esperava receber tantos pedidos de ajuda. Acabei auxiliando outras mulheres que lidam com o vaginismo, o que foi ótimo. Hoje, estamos esperando nosso primeiro filho. Engraçado que eu engravidei usando DIU! Assim como eu não fazia ideia da existência do vaginismo, eu também não sabia que isso era possível. Estamos radiantes e ansiosos para a chegada do bebê. Mesmo que a gente não faça o ensaio newborn — que dá muuuito trabalho —, ele com certeza vai ter registros fotográficos durante toda a vida.”

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Publicado em VEJA São Paulo de 7 de setembro de 2022, edição nº 2805

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