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“As pessoas não aceitam uma mulher com dois homens”

Michel Gomes conta como conheceu e formou um trisal com Kauê Oliveira e Thalita Lins

Por Michel Gomes, 20 anos, em depoimento a Fernanda Campos Almeida
27 nov 2020, 06h00

“Conheci Kauê, 20, no Instagram há um ano. Começamos a frequentar a Assembleia de Deus juntos e hoje nos consideramos irmãos. No início de 2020 conhecemos a Thalita, 17, em uma das vigílias evangélicas e passamos a conversar. Rolou um clima entre a gente, e eu não sabia que, paralelamente, também tinha rolado entre ela e o Kauê. Como compartilho tudo com ele, acabamos descobrindo que ela conversava com os dois. Não ligamos para isso no começo porque nunca sentimos ciúme um do outro. Por sermos melhores amigos, achamos que era até engraçado.

Com o tempo começamos a achar a situação estranha. Thalita nos chamou para um almoço e confessou que estava gostando de ambos. Ficamos bravos, mas não sabíamos como resolver aquele impasse porque nós dois também gostávamos muito dela. Levamos alguns dias para decidir e, como não queríamos reprimir desejos ou ferir o sentimento de ninguém, definimos que seríamos um trisal.

Brinco que os dois caíram no “golpe” dela. Sempre tive relacionamentos monogâmicos e, por sermos da igreja, fiquei com receio do que as pessoas iriam pensar. Até para andar juntos no shopping é estranho. As pessoas não aceitam uma mulher com dois homens. Não seguramos na mão em público por causa disso. Contar aos nossos pais foi um desafio porque eles não acham certo esse tipo de relação. Achavam que era brincadeira, chamaram de “fogo” de adolescente. Deu briga e até hoje eles estão um pouco relutantes com a ideia.

Depois acabamos assumindo abertamente pelo TikTok. Thalita publicou um vídeo de nós três e cheguei a pensar: ‘meu Deus, e se isso viraliza?’. No dia seguinte, quando acordei, já tinha mais de 1 milhão de visualizações. Kauê acabou passando até mal. Por causa disso, ficamos conhecidos na internet e descobrimos que é mais difícil lidar com a repercussão negativa dos haters do que com a da própria família. Todo dia era um ataque diferente, principalmente contra a Thalita. Colegas da escola dela, até mesmo as meninas, chamavam-na de nomes absurdos. Tive cabeça firme e hoje já nos conformamos com as críticas. Ninguém é obrigado a aceitar, mas deveriam respeitar.

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Festa a fantasia a três: “Não tenho culpa que roubei o coração dos dois”, escreveu Thalita no Instagram (Arquivo Pessoal/Divulgação)

A maior curiosidade dos seguidores é se eu e o Kauê éramos gays ou bissexuais, e as pessoas não entendem quando explicamos que não somos. Também não acreditam que somos um trisal porque não postamos fotos nos beijando. Queremos privacidade e preferimos preservar nossa imagem. Não precisamos postar algo íntimo para provar alguma coisa. Parece que as pessoas nos seguem com a intenção de criticar e cuidar da nossa vida.

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Ninguém quer apoiar o amor do outro. Aceitei esse relacionamento porque Thalita e Kauê são bons de coração, agem mais pela emoção do que pela razão. Nunca faltou respeito entre nós. Quem vê de fora acha que somos apenas três bons amigos. Quem nos reconhece na rua diz “Olha lá o trisal do TikTok” e chega a pedir para tirar foto junto. Tem gente também que defende nossa relação, até criaram um fã-clube!

Eu não tenho do que reclamar porque a repercussão também trouxe trabalho. Viramos figuras públicas e toda semana aparece uma parceria com loja de roupas, estúdio de fotografia, aplicativos, restaurantes etc. Nossa rotina é nos reunir para gravar conteúdo para as redes sociais. As marcas querem se vincular a um trisal, é algo diferente.

Parece que estar em um relacionamento a três virou uma febre no TikTok. É mais aceito ver um homem com duas mulheres. Thalita namorando dois homens foi o que chocou. As pessoas sempre me perguntam a história do nosso namoro. Agora tivemos a coragem de falar abertamente, para a Vejinha. Foi confuso no início, mas nossa relação está mais madura, não tem motivo para ficar escondendo.”

Tiktokers: reunidos nas gravações para as redes sociais (Arquivo pessoal/Divulgação)

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Publicado em VEJA São Paulo de 02 de dezembro de 2020, edição nº 2715

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