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Passo Torto pluga guitarras em novo disco

Formado por Kiko Dinucci, Marcelo Cabral, Rodrigo Campos e Romulo Fróes, grupo apresenta <em>Passo Elétrico</em> no Sesc Vila Mariana

Por Mayra Maldjian
Atualizado em 5 dez 2016, 15h55 - Publicado em 7 jun 2013, 19h01
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  • O samba do quarteto paulista Passo Torto foi, pouco a pouco, ficando mais pesado. No palco, ainda nos shows do primeiro álbum, Rodrigo Campos (cavaquinho) e Romulo Fróes e Kiko Dinucci (violão) e Marcelo Cabral (baixo acústico) alternavam alguns de seus instrumentos com guitarras. Pedais de efeitos também começaram a aparecer, plugados ao cavaquinho, ao baixo.  

    “Foi uma evolução natural do que vínhamos criando juntos ou separados”, diz Cabral. “Na hora de fazer o segundo disco, partimos direto da guitarra.” Nasceu, então, o novo trabalho, batizado de Passo Elétrico. Uma instrumentação emaranhada, sem percussão e cheia de ruídos e texturas, serve de base para letras viscerais.  “Quero sentir seus ossos quebrando entre os dentes/ Seus entes pedindo socorro/ Quero ouvir o esporro dos olhos pulando da cara/ (…) Deixa eu gozar enquanto morro/ de tanto rir” são alguns dos versos de Rárárá.

    Assim como no registro de estreia, São Paulo e seus personagens continuam a inspirar as crônicas musicadas. “A cidade vem sendo destruída. Perdizes, o bairro em que eu cresci, é praticamente outro, aquele monte de casinha virou prédio.” São de Cabral três das faixas mostradas no espetáculo de lançamento do CD, no Sesc Vila Mariana: Tempestade, O Buraco e Isaurinha, que receberam letras de Fróes, Dinucci e Campos, respectivamente. Leia abaixo o bate-papo com Marcelo Cabral:

    VEJASAOPAULO.COM – Como é que o Passo Torto ficou elétrico?

    Marcelo Cabral – Foi uma evolução natural do que vínhamos criando juntos ou separados, em nossos outros projetos. O Kiko estava tocando mais guitarra com o Metá Metá. O Rodrigo também comprou uma guitarra, que era novidade para ele. Mesmo no show do Passo Torto antigo, ele levava a guitarra e a gente achava muito legal. Eu, por exemplo, estava usando um monte de pedal no baixo acústico, coisa que eu faço muito no MarginalS. Na hora de fazer o segundo disco, partimos direto da guitarra, já com o Bahia Fantástica [segundo disco de Campos] existindo, depois do disco do Romulo, depois do Metal Metal. É uma resposta a tudo isso.

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    Não só o som como as letras estão bem mais pesadas. Os assuntos mudaram um pouco, está tudo um pouco mais forte. As guitarras dão essa coisa mais agressiva, fica mais incisivo. Se você toca aquele mesmo assunto só com violão, a resposta é outra. Para o Rodrigo pode ser algo novo, mas todo mundo aqui desde pequeno ouviu muito rock. O Kiko teve banda de punk rock, eu cresci andando de skate e ouvia punk rock pra caramba, o Romulo também. Você vai crescendo e vai voltando ao passado, buscando o que você já foi um dia, o que foi formando sua personalidade. Entraram três músicas minhas que eles colocaram as letras. Mandei Isaurinha para o Rodrigo. É uma música que eu tinha feito há um tempo e o Rodrigo dizia que ia fazer a letra. E foi calhar de fazer agora. Buraco foi o Kiko que fez, fez quando a gente já estava ensaiando pra gravar o disco, de última hora. E o Romulo também fez a dele. A gente convive muito, então essa afinidade não é por acaso.

    E São Paulo continua sendo inspiração para compor? Não escolhemos nenhum assunto para guiar esse trabalho, mas teve uma coisa em comum que percebemos depois, praticamente quando começamos a gravar, que é essa coisa da destruição da cidade. São Paulo vem sendo  destruída desde sempre. A gente acabou de voltar de Lisboa, que é o extremo oposto daqui. Lá as casinhas são mantidas, reconstruídas, existe um planejamento. Perdizes, o bairro em que eu cresci, é praticamente outro, aquele monte de casinha virou prédio. Os lugares vão ficando sem memória. Isso não chega a ser nostalgia, mas você sente um pouco. Era uma casa com uma família e de repente tem um prédio com sessenta delas. A história vai se perdendo. Tem bastante isso no disco.

    ►O disco está disponível para download no site do Passo Torto. Ouça abaixo o álbum na íntegra:

    https://player.soundcloud.com/player.swf?url=http%3A%2F%2Fapi.soundcloud.com%2Fusers%2F8697091

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