Bailarina Morena Nascimento se destaca na dança contemporêna
A mineira inicia temporada de sua nova coreografia, <em>Antonia</em>

A bailarina Morena Nascimento, de 35 anos, firmou-se como um dos principais expoentes da nova geração da dança contemporânea. Seus espetáculos conseguem trazer público fiel às plateias, mesmo com estrutura acanhada em comparação à de peças de companhias estabelecidas. Isso se deve, essencialmente, à versatilidade da moça, que trouxe frescor ao gênero com um estilo marcante e transita com naturalidade entre os papéis de intérprete, diretora e coreógrafa.
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As performances misturam dramaturgia, artes visuais e trilha sonora bem elaborada e mostram-se quase sempre acessíveis, mesmo aos menos acostumados a esse universo. “Suas obras fogem de uma dança voltada para dentro da dança: ela quer contar muitas histórias e para muita gente”, acredita a pesquisadora Cássia Navas, professora da pós-graduação do Instituto de Artes da Unicamp.
Em 2010, Morena despontou com a criativa Claraboia, reapresentada em anos seguintes com sessões esgotadas. Enquanto os convidados ficavam deitados no chão, ela se exibia no alto, sobre um piso de vidro. Desde então, o interesse em seu repertório aumentou. Agora, a mineira lança sua décima criação, Antonia, em que comanda dez artistas. Inspirado nos fenômenos da natureza (o elenco imita tsunamis e avalanches), o espetáculo está em cartaz desde quinta (10) na Galeria Olido. Depois, segue em temporada para os teatros Arthur Azevedo e Paulo Eiró.

Com mãe e padrasto bailarinos, a profissional formou-se em artes corporais na Unicamp, em 2001. Logo, entrou no grupo mineiro Primeiro Ato, fundado nos anos 80. Ali, teve a oportunidade de aprender com nomes do naipe de Dudude Herrmann, em atividade desde a década de 70. Depois disso, veio morar em São Paulo e montou na capital Sexo, Amor e Outros Acidentes, performance ganhadora do prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte em 2005.
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Em seguida, lançou-se em uma viagem à Alemanha — sem falar uma palavra do idioma local — a fim de fazer um curso em Essen. A ideia surgiu porque, desde a faculdade, Morena adorava assistir a vídeos da germânica Pina Bausch, uma das maiores coreógrafas da história. “Eu queria me aproximar daquele universo”, lembra. Chegou mais perto do que imaginava. Por meio de professores, participou como convidada do grupo da estrela, que a viu em ação e chamou-a para integrar o elenco fixo. “Aprendi a mostrar devoção em tudo o que faço”, diz.

Ficou por lá de 2007 a 2010 (Pina faleceu em 2009). Hoje, ainda atua esporadicamente com a trupe. No mês passado, por exemplo, apresentou-se em Londres. A experiência em uma das principais companhias do mundo ajudou a aguçar a curiosidade dos espectadores sobre suas montagens por aqui — ela, inclusive, apareceu no documentário Pina, de Wim Wenders, de 2011. Com as peças autorais, Morena rodou países como França e Inglaterra. “Minha preocupação é estimular a troca com o público, doar o que puder à plateia.”
– Antonia (120min). 14 anos. Teatro Arthur Azevedo (349 lugares). Avenida Paes de Barros, 955, Mooca, tel. 2604-5558. Sexta (18) e sábado (19), 21h; domingo (20), 19h. Grátis. Ingressos distribuídos uma hora antes.