Método Ravenna abre unidade especializada em crianças
Com atividades lúdicas e mensalidades nada light, centro terapêutico terá 500 metros quadrados e equipe de oito pessoas

No disputado mercado de clínicas que oferecem os mais diferentes tipos dedieta na metrópole, o Centro Terapêutico Dr. Máximo Ravenna vem se destacando nos últimos anos. O consultório no Jardim Europa virou a mais movimentada filial do grupo argentino, estabelecido em Buenos Aires desde 1991 e também presente no Uruguai, no Paraguai e na Espanha.
Inaugurada em 2010, a operação paulistana registra cerca de 2 200 atendimentos mensais e contabiliza ter feito os pacientes eliminar 64 toneladas nesse período. O sistema radical de regime (mulheres consomem 900 calorias diárias ehomens, 1200) é bastante questionado por alguns profissionais da área. “Não adianta nada apertar o cinto dessa forma sem mudar os hábitos alimentares”, aponta a nutricionista Clarissa Fujiwara, mestre em ciências pela Universidade de São Paulo.
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A despeito das críticas, a proposta vem fazendo sucesso. Boa parte dele pode ser atribuída aos resultados apresentados por famosos. A lista de frequentadores inclui o apresentador global Fernando Rocha (22 quilos a menos) e a presidente afastada Dilma Rousseff (16 quilos). “Ela ficou magrinha, não é? O mundo se acabando, os problemas acontecendo, e ela não largou a dieta”, afirma o médico e psicoterapeuta Máximo Ravenna, que vem à cidade em média três vezes ao ano para conferir de perto seus negócios.

A partir de segunda (25), o grupo abre outra unidade por aqui. Ela será voltada para crianças e adolescentes dos 5 aos 17 anos. “Os pais começaram a questionar nossos profissionais para oferecer aos filhos hábitos mais saudáveis. Por isso, decidimos expandir o serviço”, diz Moema Soares, diretora do negócio na metrópole. Com 500 metros quadrados, o imóvel, ao lado do prédio principal, terá uma equipe de oito pessoas e uma cozinha para oficinas gastronômicas.
O plano nutricional aparece numa versão mais light. O cardápio é sugerido e nem mesmo doces são vetados, mas são controlados. Ainda assim, especialistas enxergam riscos no trabalho com esse tipo de público no sistema de clínicas de dieta. “Mesmo que a proposta seja lúdica, as crianças entram no espírito competitivo, correm o risco de se frustrar caso não correspondam à expectativa e isso pode ser traumático”, avalia Roberto Tozze, pediatra do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas. “A reeducação deve começar em casa.”
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Antes da inauguração, a “Ravenna Júnior” passou por uma fase de teste. Camila Farias, de 8 anos, com 44 quilos em 1,31 metro de altura, apareceu lá com os pais. Ajudou a fazer o próprio prato: hambúrguer de carne magra com chips assados de banana. “Ela aprendeu que pode comer de tudo, trocando algumas coisinhas”, relata a mãe, Adriana Farias.
Até agora, menores de idade eram atendidos no espaço adulto, em plano diferente do convencional. Gabriel Kajiwara, de 12 anos, começou a frequentar o local em janeiro. “Ele engordou após os 5 anos e passou a se isolar dos amigos”, diz a mãe, a empresária Izabel Kajiwara. O garoto chegou a pesar 80 quilos em 1,59 metro de altura. Hoje, tem 10 quilos a menos e 1,65 metro.
Enquanto no imóvel principal do Jardim Europa existe uma academia de ginástica, na sala de esportes da unidade infantil há atividades recreativas, como aulas de circo. As palestras quinzenais, além de ser abertas aos pais, vão adotar um discurso mais leve em comparação com o das sessões adultas, nas quais se ouvem pérolas como “o gordo de dieta é igual a um drogado em abstinência: está sempre à procura de motivo para se drogar”.

O método Ravenna se vende como o único a fazer o acompanhamento multidisciplinar, que inclui educadores físicos, nutricionistas, psicólogos e, no caso das crianças, pediatras. Outro ponto singular é o preço gorducho: enquanto o Vigilantes do Peso cobra no mínimo 129,90 reais mensais, no centro argentino a facada vai de 1 015 (até 14 anos) a 2 390 reais (15 anos ou mais).
PERCALÇOS DIVERSOS
As difculdades da dieta em cada faixa etária
Adultos
› Reverter hábitos alimentares ruins consolidados ao longo da vida
› Falta de tempo para cuidados pessoais em virtude da rotina atribulada de trabalho ou estudo
› O metabolismo fica cada vez mais lento e complexo. Alterá-lo envolve grandes restrições
Crianças e jovens
› Baixo repertório de variedade alimentar e resistência a experimentar novidades
› Excesso de ambientes onde as guloseimas são associadas à alegria, como fast foods e festinhas
› A angústia de sofrer bullying devido à forma física pode motivar transtornos e agravar ainda mais o sobrepeso