Memória: cineasta Suzana Amaral (1928-2020) morre em São Paulo

A diretora é responsável pelo filme premiado 'A Hora da Estrela', de 1985

Por Arnaldo Lorençato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
26 jun 2020, 16h35
Suzana Amaral (Arquivo Pessoa/Reprodução/Veja SP)
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A cineasta paulistana Suzana Amaral morreu no fim da tarde de quinta (26) em São Paulo em consequência de uma isquemia mesentérica, que é uma lesão do intestino por falta de fluxo sanguíneo. Com dores agudas, chegou a dar entrada no Hospital Sírio-Libanês, mas não resistiu. Ela estava com a saúde debilitada após sofrer um AVC no ano passado.

A diretora e roteirista começou a carreira tardiamente nos fim dos anos 60, quando já era mãe nove filhos. O fato não a impediu de cursar Cinema na Escola de Comunicações e Artes (ECA), da USP, na mesma época que o primogênito, Marco Antonio, ingressou na mesma universidade pública para estudar filosofia.  Nascida em 1928, ela não gostava revelar a idade. Até ter o derrame aos 91 anos, continuava na ativa e ainda dirigia seu Fox pelas ruas da cidade.

Seu longa de estreia foi o aclamado A Hora da Estrela (1985), baseado no romance homônimo de Clarice Lispector. Com o filme, Suzana foi indicada ao Urso de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Berlim, o Berlinale. A protagonista Marcelia Cartaxo, em seu primeiro papel cinematográfico, recebeu o Urso de Prata pela interpretação.

Suzana dirigiu também Uma Vida em Segredo (2001) e Hotel Atlântico (2009), seu último longa-metragem. Ela realizou, ainda, curtas documentais e programas para a TV Cultura, onde trabalhou por dezoito anos.

Por anos, a cineasta acalentou o sonho de levar às telas um romance magistral: Os Ratos, do gaúcho Dyonélio Machado. A narrativa, encapsulada em um único dia, desfia a história de um funcionário público, Naziazeno Barbosa, que se vê emparedado depois de o leiteiro ameaçar suspender o fornecimento por atraso de pagamento. Ao longo dessas 24 horas, o leitor se aproxima das esperanças, desilusões e angústias de Naziazeno. Por questões de direitos autorais, Suzana nunca conseguiu levar o projeto adiante. Uma pena.

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Em 2019, estava se preparando para rodar a adaptação de O Caso Morel, primeiro romance de Rubem Fonseca, que seria produzido pela Bossa Nova Filmes, quando adoeceu. Na realidade, retomava um projeto que iniciou em 1998, mas não tinha ido adiante por problemas financeiros com o filme.

Marcelia Cartaxo lamentou a morte da cineasta. “Você me ensinou muito. Uma mulher forte, especial e que deixa um legado. Obrigado por ter entrado na minha vida, Suzana Amaral!”, postou em suas redes sociais.

O ator Julio Andrade, que participou do último filme de Suzana, também deixou um comentário emocionado: “Suzana dizia que ‘onde tem uma vontade tem um caminho’. Em todos os meus trabalhos levo Suzana comigo. Ela amava o cinema como quando se transa. Ela dizia isso. Filmou menos do que queria… Tinha uma energia interminável. Não sentava no set, sempre atenta ficava de um lado pro outro…”.

Suzana deixa nove filhos e mais de vinte netos.

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