Masp anuncia programação de 2024 focada em artistas LGBTQIA+
Agenda do museu será pautada pela diversidade no próximo ano e terá mostras sobre Francis Bacon, Mário de Andrade, Leonilson e mais
![trava-na-beleza-masp](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2023/12/Rafa-Matheus-Moreira-Trava-na-beleza-safira-2021-Credito-Jaime-Acioli-Divulgacao.jpg.jpg?quality=70&strip=info&w=824&h=720&crop=1)
O Masp anunciou sua programação para 2024 e terá como tema central as Histórias da Diversidade LGBTQIA+. O assunto, que pauta todas as atividades do museu no próximo ano, dá continuidade à série iniciada em 2016, com as Histórias da Infância, e explora mais a fundo a perspectiva não heteronormativa das Histórias da Sexualidade, de 2017. Neste ano, o foco foram as Histórias Indígenas.
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“O Masp se define como um museu diverso, inclusivo e plural, e isso reflete na programação”, define o diretor artístico Adriano Pedrosa. “São temas importantes que fazem parte do debate cultural e fazem parte do trabalho dos artistas.” Para além de promover uma discussão, o intuito é atualizar o acervo. “Quando escolhemos um tema, ele representa uma entrada importante de obras no museu, ou seja, diversifica o acervo”, ele explica.
![Gran Fury, Kissing Doesn’t Kill (1989-90) – Crédito Biblioteca Pública de Nova York Masp Divulgação.jpg Gran Fury: arte como ativismo na luta contra a aids](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2023/12/Gran-Fury-Kissing-Doesnt-Kill-1989-90-Credito-Biblioteca-Publica-de-Nova-York-Masp-Divulgacao.jpg.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
O pontapé inicial será uma mostra sobre o coletivo Gran Fury, que produziu campanhas gráficas e intervenções públicas da organização ACT UP (sigla em inglês para Coalizão da Aids para Libertar o Poder), dedicada a denunciar a negligência do governo americano sobre a aids nos anos 80 e 90. Gran Fury: Arte Não É o Bastante ficará em cartaz de 23 de fevereiro a 9 de junho.
![design-sem-nome-2_LW6LfVNU 'Two Figures with a Monkey' (1973), de Francis Bacon: ícone da pintura](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2023/12/design-sem-nome-2_LW6LfVNU.jpg?quality=70&strip=info&w=600)
Em seguida, será a vez de mergulhar na vida de Francis Bacon, pintor irlandês considerado um dos mais importantes do século XX, em exposição que vai de 22 de março a 28 de julho. Com uma história conturbada, ele ficou conhecido pelo estilo audacioso de retratar figuras humanas, em especial nus masculinos de amantes e amigos. “É uma figura importante por causa do seu trabalho extraordinário em pintura e também porque dá visibilidade à questão da homoafetividade desde os anos 60”, diz Pedrosa.
![Tarsila do Amaral, Retrato de Mário de Andrade, 1922 – Crédito Eduardo Ortega Divulgação.jpg 'Retrato de Mário de Andrade' (1922), de Tarsila do Amaral: sexualidade foi tabu](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2023/12/Tarsila-do-Amaral-Retrato-de-Mario-de-Andrade-1922-Credito-Eduardo-Ortega-Divulgacao.jpg.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
Haverá também individuais de dois grandes nomes nacionais, Mário de Andrade (de 22/3 a 9/6) e Leonilson (de 23/8 a 17/11). A ideia da primeira é analisar desenhos, gravuras e fotografias do intelectual modernista levando em conta sua orientação sexual, que foi vista como tabu durante a vida. “Não é escancaradamente homoerótico, mas o conjunto das peças mostra seu desejo pelo masculino”, observa a curadora e coordenadora Regina Teixeira de Barros.
Por sua vez, a produção de Leonilson apresenta traços autobiográficos, quase como um diário. O artista contemporâneo, que foi diagnosticado com HIV e faleceu devido ao vírus, pintou sobre amor, companheiros, seu corpo e até a doença. “É uma obra delicada, mas ao mesmo tempo impactante, porque fala com todas as letras sobre a aproximação da morte”, ela comenta.
![Serigrafistas Queer, Liberdade para as sensibilidades, 2018 – Crédito Eduardo Ortega Divulgação.jpg Trabalho das Serigrafistas Queer: grupo já participou de mostra no Masp](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2023/12/Serigrafistas-Queer-Liberdade-para-as-sensibilidades-2018-Credito-Eduardo-Ortega-Divulgacao.jpg.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
Serigrafistas Queer: grupo já participou de mostra no Masp (Eduardo Ortega/Divulgação)
Em 2024, o museu terá ainda mostras sobre a fotógrafa americana Catherine Opie (5/7 a 27/10), a artista paulista Lia D Castro (5/7 a 17/11) e o grupo argentino Serigrafistas Queer (de 13/12/2024 a 6/4/2025), além de exibições de Maximiliano Mamaní, Tourmaline, Ventura Profana e Manauara Clandestina na sala de vídeo.
A programação se encerra com uma exposição coletiva (de 13/12/2024 a 13/4/2025) com o tema do ano, que reunirá cerca de 200 obras de nomes nacionais e internacionais.
A agenda do museu já está reservada para um assunto em 2025, as Histórias da Ecologia, e deve apresentar mostra sobre Claude Monet.
Publicado em VEJA São Paulo de 15 de dezembro de 2023, edição nº 2872