Livro fala da importância da escuta na adolescência
Para a educadora e psicanalista Carolina Delboni, estar aberto a ouvir o adolescente é essencial para acolhê-lo

“É importante valorizar a fala do adolescente e os sentimentos que ele expressa”, diz a educadora e psicanalista com especialização nessa faixa etária, Carolina Delboni, 50. Ela é autora do livro As Dores da Adolescência – como entender, acolher e cuidar (Summus Editorial, 176 pág., R$ 72,60), que mergulha em dilemas dos jovens da atualidade: como bullying, autoestima, assédio sexual nas redes e solidão, entre outros. “Em 2018, quando fui fazer a formação em psicanálise, percebi que a adolescência não era um assunto muito discutido”, diz Carolina, que, então, focou os estudos nessa faixa etária que, mais do que nunca, precisa ser ouvida.
Afinal, eles são impactados de maneira mais intensa, do que até então, pelos acontecimentos da vida. E o rebuliço externo se soma ao interno. “Segundo especialistas, a adolescência costuma ser uma fase sofrida – não necessariamente em virtude de problemas que enfrentam, mas pela intensidade com que o corpo e a mente deles reagem a essas experiências”. De acordo com a psicanalista, nessa fase da vida, os jovens passam por vários lutos: eles se despedem da infância, do corpo que tinham e da imagem que tinham dos pais. “É quando percebem que não somos infalíveis”, pontua a psicanalista.
Mãe de três rapazes, Pedro 21, Lucas 19 e Felipe 17, Carolina acredita que a adolescência, em geral, é encarada com preconceito. Não é difícil ouvir em conversas entre pais ou responsáveis o quão difícil é lidar com “aborrecentes’, como são chamados, por sua tendência à crítica e ao isolamento. Mas isso pode ter a ver com falta de informação. “Normalmente, os pais se informam sobre a infância dos filhos, mas não sobre essa fase de transição”, diz Carolina. Mas é justamente por estar vivendo uma fase complexa do desenvolvimento humano, que o jovem precisa de apoio e acolhimento. Uma das formas de entrar no mundinho deles é por meio da música. “É importante conhecer os gostos de nossos filhos, isso abre canais de comunicação. Como também é importante conhecer os seus códigos”. Isso transforma a convivência e abre espaço para que eles não só aprendam, mas também ensinem.