Uma obra raríssima de Alberto da Veiga Guignard foi vista em público pela primeira vez na última terça (24), no leilão da Galeria Pintura Brasileira. Foi, porém, uma oportunidade efêmera: ela logo passou a fazer parte de uma nova coleção pessoal. Auto-Retrato no Circo estava no acervo de Mietta Santiago e seu marido João Manso Pereira, desde 1930, quando foi doada pelo próprio artista para o casal. Arrematada por um jovem advogado paulistano por 280.000 reais, a obra virou um ótimo negócio: na verdade, esperava-se que ela pudesse valer até 1 milhão.
O motivo da baixa euforia no espaço no Jardim Paulistano é reflexo do momento econômico do país. Normalmente, a sala recebe cerca de 200 pessoas. Ontem, recebeu 80. Repleto de peças emblemáticas e artistas renomados como José Pancetti, Di Cavalcanti, Alfredo Volpi Lygia Clark, Mira Schendel e Tomie Ohtake, o leilão tinha um potencial altíssimo. “Eu esperava vendas muito mais altas”, conta o dono da Galeria Pintura Brasileira, Marcelo Barbosa. “Mas fiquei muito contente, porque quem comprou aqui fez um excelente negócio”, afirma.
A segunda obra mais cara foi do modernista Di Cavalcanti: Costa do Sul de Salvador, adquirida por 170.000 reais. Outras duas obras deste que é um dos maiores nomes da história da arte brasileira não foram compradas, já que o lance inicial era de 400.000 reais. Logo atrás, estava o quadro de Aldo Bonadei, arrematado por 130.000 reais. Sem dúvidas, preços abaixo da média. “Na hora que os compradores decidirem revender estas peças, o céu será o limite”, diz Barbosa. O galerista ficou satisfeito com o evento e espera fazer outras edições: de 128 obras disponíveis no pregão, o leilão vendeu cerca de 65, o que resultou num bom volume de vendas para o espaço.