A história por trás das imagens da mostra sobre a revista ‘O Cruzeiro’
Confira uma galeria de imagens selecionadas entre mais de 400 registros de fotojornalismo em cartaz no IMS
Mais de 400 fotos estão atualmente em exibição na mostra As Origens do Fotojornalismo no Brasil: Um Olhar sobre O Cruzeiro (1940-1960), no Instituto Moreira Salles (IMS).
A ideia é apresentar um panorama do início do fotojornalismo no Brasil, destacando momentos emblemáticos da história do país, retratados na extinta revista O Cruzeiro (1928-1975). A exposição faz um recorte de duas décadas, entre 1940 e 1960. Diversos grandes nomes, pioneiros no registro no fotojornalismo no país, como o alemão Peter Scheier (avô de Lucas Lenci), o franco-brasileiro Pierre Verger e o atual diretor de cinema, Luiz Carlos Barreto, integram a mostra que deu origem também a um belo livro homônimo.
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A série de imagens, organizadas em torno da grande reportagem, estão divididas em seis eixos temáticos:
A Temática Indígena, um tema constante entre os anos de 1940 e 1950 em O Cruzeiro, por acreditarem no projeto de integração do índio À sociedade civil. Os repórteres fotográficos da revista acompanharam diversas expedições da Marcha para o Oeste, tanto na companhia dos irmãos Villas-Boas, quanto dos oficiais da Força Aérea Brasileira (FAB).
É o caso do registro de um índio iaualapiti encantado com um avião, em 1949, na Serra do Roncador (MT), por José Medeiros:
A Imprensa e as Artes, pois foi na virada da década de 40 que se fundou no Brasil as mais importantes instituições culturais: Museu de Arte de São Paulo (Masp, em 1947), Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ, ambos em 1948), além da Bienal de São Paulo (1951). Resultado de iniciativa privada, foi um momento de intenso debate artístico.
A foto de Roberto Maia, que eterniza o interior do Masp de 1950, ilustra esse momento:
A Política entre o Público e o Privado faz referência ao jogo de poder existente na mídia. O vínculo de Getúlio Vargas com O Cruzeiro, por exemplo, no fim dos anos 1920, foi um pedido de auxílio financeiro de Assis Chateaubriand para o lançamento de uma revista de circulação nacional. Vargas, então Ministro da Fazenda, vislumbrando os benefícios com a nova publicação, intermediou a cessão dos recursos solicitados em troca de apoio político. Eis um registro do político, feito por Jean Manzon:
Flagrantes da Vida Urbana refere-se ao período da forte industrialização e consequente crescimento das cidades urbanas, principalmente de São Paulo e Rio de Janeiro. A revista dedicou-se ao registro de cenas cotidianas que mostravam desde os costumes de seus habitantes ao movimento migratório de sertanejos aos grandes polos. É de Jean Manzon o registro abaixo:
O Povo Brasileiro foi retratado quase sempre na condição de vítima de uma situação de miséria ancestral, entre os anos 1940 e 1950. E, ao mesmo tempo, protagonista de uma luta constante pela sobrevivência. O retrato abaixo, feito em Canudos por Pierre Verger em 1946, é um exemplo:
E, por fim, Olhares Itinerantes reúne imagens de repórteres fotográficos que se viram obrigados a deixar seus países de origem por causa da ascensão de regimes totalitários e conflitos armados. O testemunho deles no Brasil e lá fora formam hoje um valioso material fotográfico, como é o caso do retrato de Carmen Miranda por Jean Manzon: