Fábio Namatame, o mais requisitado figurinista de teatro da cidade
Hoje, suas criações fazem parte de cerca de vinte espetáculos em cartaz, prestes a estrear ou em excursão pelo país
O deslumbrante guarda-roupa do musical A Pequena Sereia tem sua assinatura e consumiu quatro meses de trabalho. Os casuais trajes usados pelos atores da comédia Baixa Terapia e os de Love, Love, Love, drama ambientado em três décadas, levaram duas ou três semanas para ser confeccionados e também carregam sua marca.
O paulistano Fábio Namatame, de 59 anos, é o mais requisitado figurinista entre as produções lançadas na cidade. Hoje, suas criações fazem parte de cerca de vinte espetáculos em cartaz, prestes a estrear ou em excursão pelo país.
O ritmo acelerado, no entanto, não o deixa perder de vista as características artesanais de seu trabalho, que continua obedecendo a um rigoroso processo de elaboração. “Leio o texto, participo do maior número possível de ensaios e pesquiso bastante antes de desenhar os modelos”, afirma Namatame, que vive em Higienópolis. “Recuso o projeto se acho que não vou dar conta dessas etapas.”
Filho de japoneses, o artista guarda na memória a imagem da mãe diante da máquina de costura por horas a fio. O pai, um comerciante, era músico nas horas vagas. O sonho de ser ator, alimentado em cursos ministrados pela atriz Denise Stoklos, durou pouco. Namatame, formado em publicidade e artes plásticas, sempre foi ansioso e viu que poderia se dar bem com maquiagem, cabelo e figurino. “O rosto é uma pintura e o cabelo, uma escultura”, filosofa.
Em três décadas, ele trabalhou com as atrizes Renata Sorrah, Irene Ravache, Regina Duarte e Marília Pêra. Depois de Cabaret, Crazy for You e Cantando na Chuva, virou o figurinista preferido de Claudia Raia. Também cria o guarda-roupa de óperas, balés e atrações infantis.
“Eu me preocupo muito com o conforto do ator, tanto que visto os trajes antes de entregá-los”, conta Namatane, que tem dois funcionários em seu ateliê, em Santa Cecília, e contrata temporários conforme a demanda. “O último problema que um artista deve ter em cena é com uma roupa apertada ou uma costura inconveniente.”