Fãs adolescentes acampam por setenta dias à espera de show
Desde 26 de abril, o grupo já aguarda na Barra Funda o show da banda Fifth Harmony, que se apresenta por aqui em 5 de julho
A banda pop americana Fifth Harmony é uma espécie de Spice Girls dos anos 2000. O grupo vai se apresentar em São Paulo em 5 de julho, no Espaço das Américas, na Barra Funda. Quem nunca ouviu falar dessas artistas pode passar na porta do local para ter uma ideia do tamanho desse novo fenômeno pop. Desde 26 de abril, a mais de dois meses da apresentação, portanto, cerca de noventa fãs ansiosos revezam-se dia e noite em quatro barracas instaladas na calçada com o objetivo de garantir o melhor lugar no espetáculo.
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Considerando a turma de plantão na frente da casa de shows da Zona Oeste, os harmonizers, como gostam de ser chamados os seguidores do conjunto, têm entre 13 e 33 anos. A maior parte da trupe é formada por meninas da capital. Mas há quem tenha vindo de longe, a exemplo de Marina Romeiro, 19, que trabalhava como caixa de um restaurante em Araraquara, a aproximadamente 280 quilômetros de São Paulo. “Deixei tudo porque quero ficar na grade”, conta a garota.
A banda que é objeto de tamanha adoração surgiu em 2012, na segunda edição americana da competição musical The X Factor. Na ocasião, o quinteto feminino terminou a batalha dos microfones em terceiro lugar. A redenção, no entanto, deu-se depois do término da atração televisiva: as garotas tornaram-se as participantes mais bem-sucedidas da história do programa. Um de seus hits, Worth It, não para de ser tocado nas rádios brasileiras. Nos Estados Unidos, outro single, Work from Home, lançado em fevereiro, atingiu a sexta posição entre as músicas mais vendidas naquele mercado, garantindo lugar no ranking Billboard Hot 100.
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No Brasil, elas farão uma série de shows, passando por Porto Alegre, Curitiba, Rio e Brasília, e encerrarão o tour por aqui. Os ingressos custam de 220 (pista) a 420 reais (pista premium). Dos 8 000 bilhetes postos à venda no Espaço das Américas, cerca de 5 000 já haviam sido vendidos. O empenho dos acampados para ficar a poucos metros das cantoras na hora da apresentação é medido em horas: nos abrigos, os adolescentes registram num caderno o período que cada um passa no local. Quem demonstrar maior dedicação terá o privilégio de ser o primeiro da fila no dia da exibição.
A maioria concilia trabalho ou escola com a rotina no camping. Usar o banheiro e recarregar o celular demanda uma caminhada de 400 metros até a Estação Palmeiras-Barra Funda do metrô, a mais próxima da região, ou a um supermercado. Na hora do banho, o jeito é voltar para casa enquanto alguém cuida do lugar na fila. O tempo ali geralmente é gasto com jogos de cartas, a leitura de fanfics (histórias fictícias sobre os ídolos escritas pelos fãs) e o uso frenético do smartphone. A internet é garantida por uma universidade vizinha, onde estudam algumas jovens do grupo. Elas compartilharam a senha de acesso ao wi-fi da instituição com os colegas.
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Vivendo à mercê das condições climáticas, eles sofreram com a chuva da madrugada de segunda (16), que destruiu o único colchão da turma e diversos cobertores. Numa noite com poucos integrantes, a trupe resolveu dormir em apenas uma das quatro barracas ali armadas. Ao acordar, uma surpresa: um sem-teto havia se hospedado em um dos locais vagos. O susto maior veio duas semanas depois de ocuparem o espaço, quando um homem roubou cartões, celulares e dinheiro do pessoal. “A gente fica em casa orando para que dê tudo certo”, desabafa Deusa dos Santos, mãe da harmonizer Anna Karolina Costa, 20.
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Para chamar a atenção da Move Concerts, empresa responsável por trazer o Fifth Harmony à cidade, os fãs instalados no camping da Barra Funda planejam a compra maciça de CDs do próximo lançamento da banda (7/27), cuja chegada às lojas está prevista para o fim deste mês. “Queremos provar à produtora que dá para marcar mais uma data de show em São Paulo”, explica Larissa Nunes, 20.