Famosos saem em defesa de humorista Léo Lins nas redes e reclamam de censura
Humorista foi condenado a oito anos de prisão em regime fechado por preconceito de raça ou de cor e pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência.

A condenação do humorista Léo Lins a mais de oito anos de prisão em regime fechado por crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, e pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência, além de uma multa de R$ 300 mil. A decisão provoca um debate entre a classe artística sobre os limites do humor. Famosos, entre eles humoristas, saíram em defesa de Lins e outros demonstraram apoio à decisão judicial.
A Justiça considerou que o conteúdo do espetáculo “Perturbador” ofendia gravemente diversos grupos sociais, incluindo negros, indígenas, obesos, LGBTQIA+, pessoas com HIV e pessoas com deficiência.
O apresentador e humorista Antonio Tabet, um dos criadores do Porta dos Fundos, criticou a decisão.
“Isso aqui é um absurdo. Pode-se não achar a menor graça ou até detestar as piadas de Leo Lins, mas condená-lo à prisão por elas é uma insanidade e um desserviço. Espero que essa decisão completamente descabida seja revertida”, postou Tabet em seu perfil no X, antigo Twitter.
Em seu perfil no Instagram, o apresentador Marcos Mion defendeu Lins dizendo que ele é um excelente humorista. Criticado, o apresentador fez uma outra postagem dizendo que não concorda com o que o humorista escreve, mas tinha que se manifestar contra a “censura”.

O apresentador Marcelo Tas também usou seu perfil no X para defender Lins. “Não é sobre gostar ou não da piada. Particularmente, não é meu tipo de humor. E daí? O comediante estava no teatro diante de pessoas que escolheram estar ali. A questão é gravíssima. Que os homens e mulheres da Justiça brasileira estejam atentos à tentativa tenebrosa de controle da livre expressão artística. Quem não curte o Léo, é só buscar outro tipo de show. O resto é censura. Já vivemos isso. É inadmissível”, declarou o jornalista.
Mas, na classe artística, também há posicionamentos contra o humor de Lins e a favor da decisão judicial, como o ator Tuca Andrada.
“Nunca assisti show do Leo Lins e mesmo assim as falas criminosas dele chegaram até mim, Elas vazam e reverberam num país já misógino, racista, homofóbico, etc. Liberdade de expressão não é liberdade para ferir minorias, isso é crime. Ver um monte de gente passando pano, desanima”, disse o ator em uma postagem no X.
O influenciador e criador de conteúdo Jeff Mattias usou também seu perfil no X para dizer que o humorista condenado não faz piadas.
“Léo Lins não faz piada, o que ele faz é querer normalizar crimes, não é censura é bom senso parar esse tipo de gente”, afirmou.
O advogado de Leo Lins afirmou em nota: “Trata-se de um triste capítulo para a liberdade de expressão no Brasil, diante dessa condenação equiparada à censura. Ver um humorista condenado a sanções equivalentes às aplicadas a crimes como tráfico de drogas, corrupção ou homicídio por supostas piadas contadas em palco, causa-nos profunda preocupação. Apesar desse episódio, mantemos plena confiança no Poder Judiciário nacional, que tantas vezes tem sido acionado para garantir direitos e liberdades individuais”.
A defesa também afirmou que entrará com recurso e espera que a injustiça seja reparada na segunda instância.