Estilista paulistano revela que virou sorveteiro e inaugura primeira loja
Inspirado pela receita da avó, criador do Sorvete Discreto começou a vender a sobremesa na pandemia sem revelar seu nome aos clientes
Rodrigo Rosner guarda um segredo desde o início da pandemia: além de estilista, ele agora é sorveteiro. Inspirado na receita da avó, o paulistano começou a distribuir entre amigos o doce feito na cozinha de casa. Sem divulgar a nova ocupação nas redes sociais, ele também manteve sigilo sobre o lançamento da primeira loja dedicada à sobremesa, que será inaugurada em 1º de dezembro no Shopping Iguatemi São Paulo. “Do armário eu já saí há muito tempo, então posso dizer que agora estou prestes a sair do freezer”, brinca Rosner, que batizou a marca de Sorvete Discreto. “Nem o shopping sabia quem estava por trás da novidade, só eu, minha sócia e agora vocês.”
Sem encomendas de vestidos para casamentos e outros eventos na quarentena, o estilista investiu primeiro no sabor de creme de chocolate com avelã para vender no Instagram de uma amiga. “Encomendei embalagens de isopor e preparei 10 litros pensando em vendêlos em um mês… Vendi tudo em um dia!”, admira-se. Versões como pistache e quindim vieram em seguida e o nome, discreto, surgiu a partir da estratégia de se manter anônimo. “Eu esperava feedbacks verdadeiros sobre o produto e no começo não queria que as pessoas associassem o sorvete a mim, então mandei para conhecidos sem revelar que era eu mesmo quem fazia”, conta. Conforme o número de pedidos nas redes sociais da sorveteria foi crescendo, ele e sua atual sócia, a amiga de infância e publicitária Karina Beznos Goldstein, decidiram ampliar o negócio, até então comandado na “cozinha de solteiro” com uma batedeira de apenas 1 litro e meio. “Comecei a cozinhar em escala industrial nesse espaço, chorando de dor nas pernas e com minha casa parecendo uma usina”, diverte-se. “O desafio é manter essa cara e sabor de sorvete feito em casa, mas agora em maior escala.”
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Uma das amigas de Rosner que degustaram — e aprovaram — seu sorvete foi Fernanda Young (1970-2019). “Ela adorava o de Nutella, tanto para comer comemorando algo ou sofrendo por coisa ruim… O sorvete é sempre um presente”, afirma. “Eu às vezes mandava para a casa dela, ela dizia que eu teria um império com minha receita e eu respondia: ‘Você tá louca!’.”
A receita da avó húngara nunca foi uma grande tradição familiar, mas serviu de base para o que Rodrigo considera um doce intenso e rico em sabor: o de pistache, por exemplo, está entre os mais suaves, mas tem porções generosas da castanha, enquanto o de doce de leite é uma versão mais cremosa e bastante adocicada. “Com uma base láctea bem gorda e maravilhosa”, completa.
Além do quiosque instalado no Iguatemi, Rodrigo planeja um espaço grab and go em Higienópolis, bairro onde mora, com opções individuais. Serão treze sabores fixos e criações sazonais, sem o formato típico das sorveterias paulistanas. “A ideia é que o sorvete seja tratado como sobremesa, então não teremos eles expostos nas geladeiras nem as pessoas experimentando com as pazinhas”, antecipa. “Usamos uma embalagem superlinda, embrulhada como se fosse um presente (na versão vendida por delivery) e vamos usar essas cores para decorar a loja também.”
Mesmo com a nova empreitada, Rosner não pretende deixar de lado a carreira na moda. “As duas coisas vão caminhar juntas, apesar das agendas bem diferentes”, planeja. “Agora sou estilista and sorveteiro.”
Publicado em VEJA São Paulo de 2 de dezembro de 2020, edição nº 2715.
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