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Festa Junina: gincana virtual, delivery de comida típica e quadrilha por vídeo nas escolas paulistanas

São gincanas virtuais, delivery de comidas de arraial e até dança de quadrilha em vídeo com os alunos

Por Humberto Abdo
Atualizado em 27 Maio 2024, 20h05 - Publicado em 18 jun 2021, 06h00
Com decorações de tecidos coloridos e floridos, duas crianças posam em frente a uma "fogueira" feita de papel e plástico. Elas estão com vestido e camisa xadrez, respectivamente. Há bandeirinhas ao fundo
A caráter: alunos do Colégio Pentágono dançam com distanciamento (Divulgação/Divulgação)
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Sem quadrilhas nem filas para a barraca do cachorro-quente, as festas juninas também estão em quarentena. Nas escolas, as celebrações dependem da criatividade dos professores e da paciência dos alunos. “Tem criança que nunca foi a festa junina antes e perguntou se era como uma festa a fantasia de superheróis”, conta Gabriela Abdalla, coordenadora do departamento de música do Colégio Dante Alighieri.

Após estudarem a cultura junina, os alunos de 3 a 7 anos participaram de um evento on-line com acesso a vários “salões” (as salas de videoconferência) voltados a brincadeiras, danças e oficinas temáticas. “Fizemos a corrida da colher com uma bola de papel para tentarem equilibrar dentro de casa e a fogueira confeccionada por eles serviu para brincar.”

No Colégio Santa Maria, os preparativos levaram cerca de um mês e as atividades serão realizadas em formato híbrido. “O pessoal do on-line viu que estar no computador não precisa ser algo chato e sim uma experiência diferente daquela em sala de aula”, opina o professor de educação física Arthur Consiglio Campelo, envolvido na organização. No colégio, os docentes se uniram para criar tarefas com temática junina em várias disciplinas. Nas aulas de história, por exemplo, são feitas pesquisas sobre a música sertaneja “desde o modão caipira até o estilo universitário”.

Uma criança joga um bambolê, que está no ar, em direção a quatro cones. Ao fundo, há bandeirinhas de festa junina
Bambolê no cone: brincadeira no Colégio Porto Seguro (Divulgação/Divulgação)

Em ciências, os alunos estudam alimentação e seguem a sugestão de preparar uma receita típica. “Mas em uma versão mais fit, como batata-doce chips e curau light, para problematizar o açúcar”, ressalta Consiglio, que tem coordenado as coreografias das danças que serão apresentadas nos dias de festa. “Enquanto as turmas presenciais tiveram um período de preparação e criaram tudo em grupo, cada aluno da turma on-line pensou na própria coreografia em casa e tem me mandado versões bem diferentes em vídeo. Eles vão nos ver dançando na quadra e depois o presencial assiste aos vídeos editados por eles em um telão.”

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Ao vivo, as danças e brincadeiras dão mais trabalho. “Boca do palhaço, derruba lata e pescaria, tudo tem de ter distanciamento e uma tenda de higienização ao lado de cada atividade”, explica Lisie de Lucca, diretora de cultura do Colégio Porto Seguro. “Mas nós achamos que valia a pena para eles vivenciarem essas brincadeiras de forma mais real. Desta vez eles vão levar os lanches, vestir-se a caráter e cada série terá um dia específico para isso.” Além de abordar os festejos populares nas aulas e organizar gincanas, a escola decidiu reservar um dia virtual para que os pais também possam participar e orientou os alunos a decorar parte da casa para a data.

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“Teremos quadrilhas em vídeo divididas por série. Com o ensino médio, nada de quadrilha virtual, porque seria um fracasso”, brinca. “Faremos uma homenagem aos adolescentes com vídeos curtos dos professores para marcar esse momento dos que estão participando da festa pelo último ano.” Para manter as atrações mais analógicas, como o bingo e as rifas, as plataformas virtuais também foram a salvação. “O correio elegante teve muita adesão, e no caso das rifas toda a renda será usada para uma campanha de doações, com a meta de 50 toneladas de alimentos em celebração aos cinquenta anos da escola”, conta André Lindenberg, coordenador de artes do Colégio Pentágono, que optou pelo modelo híbrido.

Um site criado para a 32ª edição do evento imita o cenário das quermesses, com barracas que dão acesso a salas virtuais. “Até criamos um programa em que dois matutos apresentam as bandas e as atrações.” Nas aulas, as crianças vão vestidas com trajes típicos e estudam referências populares, como a xilogravura, a cerâmica e as cirandas. Com a parceria de uma das mães, um serviço de delivery envia uma caixa de quitutes juninos à casa dos convidados que escolherem a opção — a caixa média custa 75 reais e a grande, 115, com itens como arroz-doce, cachorro-quente e paçoca.

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“O maior desafio é estipular quantas famílias vão participar, pois uma delas pode estar bem de saúde em um dia e de repente não pode mais pegar o kit”, pontua Kelly Luft, que representa os pais na comissão de festas do Colégio Humboldt. Na escola alemã, os kits com doce de abóbora, pipoca, paçoca e maçã do amor são gratuitos e serão entregues em sistema drivethru. “A ideia é transmitir esse carinho e não deixar a data passar em branco.”

No Colégio Santa Cruz, o drive-thru foi apelidado de Rua Junina Delivery, com barracas para a retirada dos produtos comprados com antecedência e uma banda de forró formada por professores se apresentando no local. Por lá, as comemorações começaram semanas antes no “esquenta” on-line, com gincana de troca de livros e contação de histórias por videoconferência.

Mulher de máscara sentada com pernas cruzadas mostra bandeirinhas coloridas de festa junina
Dois meses de preparo: Simone coordena a festa híbrida do Santa Cruz (Rogerio Pallatta/Divulgação)
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“Estamos há dois meses trabalhando nisso e eu pisei no colégio um único dia para decidir como deixar as barracas afastadas de forma a respeitar os protocolos”, diz Simone Campos, coordenadora do braço social do colégio que reúne a comunidade de pais voluntários. “Muitos se envolveram e, quando pedia ajuda, ela vinha em uma avalanche. Mas o trabalho se multiplicou.”

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Publicado em VEJA São Paulo de 23 de junho de 2021, edição nº 2743

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