Três perguntas para Leandra Leal
Antes de voltar à TV no remake da novela <em>Saramandaia</em>, a atriz interpreta a misteriosa Ritinha em <em>Bonitinha, mas Ordinária</em>
O filme traz Nelson Rodrigues para os dias de hoje. Como foi enfrentar esse desafio?
A transposição do texto para os tempos atuais foi muito feliz porque não alterou tanto os diálogos do Nelson Rodrigues. Ainda assim, o resultado soa atual. No início das filmagens, até apareceu a questão: mudar ou não os diálogos? Tentei ser bem fiel ao original. Aliás, o que me atraiu no filme foi a possibilidade de interpretar um texto do Nelson e de trabalhar com o João Miguel, um dos grandes amigos da minha vida.
+ Crítica do filme Bonitinha, mas Ordinária
A aparência meiga de Ritinha engana o público. Como você construiu uma personagem tão dúbia?
O Nelson é um mestre nisso. Os personagens vão se revelando, não são o que parecem ser. Ao mesmo tempo, mostram-se totalmente humanos. A Ritinha possui uma característica que será sempre atual: ela se sente culpada. É uma personagem que tem muito da nossa herança católica, que se doa para os outros, se anula, porém, ganha a chance de ser despertada pelo amor.
Apesar de produzido em 2009, o longa só foi lançado agora. É frustrante esperar tanto tempo?
Isso acontece com frequência no Brasil, já estou até acostumada. Raras são as produções que chegam às telas rapidamente. Eu trabalhei em quatro fitas que ainda não foram distribuídas. Quando estou no set de filmagem, tento fazer o máximo naquele momento. Cada filme é um retrato de quem eu era na época.