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Domingo na rua: espaços abertos transformam São Paulo

Como o Paulista Aberta e outros movimentos mudam a relação entre as pessoas e a metrópole

Por Abril Branded Content
20 dez 2017, 15h28

Em frente ao MASP, uma aglomeração de pessoas circula com bandeiras de vários países e cartazes contra racismo e xenofobia. Nos alto-falantes, uma voz, com pronunciado sotaque estrangeiro, anuncia a 11ª Marcha dos Imigrantes, sob o tema “pelo fim da invisibilidade dos imigrantes”. Um pouco mais adiante, uma manifestação do movimento Vem Pra Rua protesta contra a “pizza” da Lava Jato. Ao redor, famílias passeiam, ambulantes vendem, grafiteiros pintam a calçada, bandas tocam, ventríloquos agitam os bonecos articulados.

Com a circulação para carros fechada aos domingos, a Avenida Paulista lembra uma grande praça aberta. “Mesmo quando está este calor insuportável, é uma delícia ver a cidade viva”, diz a engenheira Elaine Marques, que leva pela guia a cadela Frida.

O movimento de pessoas pelo asfalto parece tão natural que é fácil esquecer que por ali circulam 3 000 carros no intervalo de uma hora durante os picos matinais de trânsito da semana. A cada domingo, cerca de 30 000 pessoas passam pelos quase três quilômetros da avenida desde o início do movimento Paulista Aberta, em setembro de 2015. O #hellocidades, projeto de Motorola que incentiva novas experiências nas cidades brasileiras, convida os paulistanos a aumentar ainda mais esse número.

Ruas abertas

A lei que institui o Programa Ruas Abertas só foi promulgada em dezembro de 2016 e inclui mais de 20 outras ruas e avenidas que são abertas aos fins de semana, como a Avenida Sumaré e o Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão. O projeto original propunha pelo menos uma rua aberta para cada subprefeitura da cidade. Ainda não aconteceu. Mas, ao todo, já são 26 espaços públicos abertos para pedestres.

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O percurso entre as avenidas abertas já virou roteiro. “No domingo, a Paulista é só um ponto inicial para andar de bike. Eu sempre começo aqui. Aí, ou vou reto e desço para a Liberdade, ou desço a Consolação e vou andar no Minhocão”, conta Ana*.

A ausência dos carros transforma completamente o ambiente da cidade. “A avenida aberta é mais uma opção de lazer que antes não tinha. Mas especialmente a Paulista, que é o coração da cidade, realmente estreitou esse relacionamento com São Paulo. As pessoas com quem eu converso também parecem estar se sentindo muito mais próximas da cidade”, diz.

Daniela e Ana aproveitam a avenida aberta para se reconectarem com a cidade (Ana Paula Lourenço/Divulgação)

A diferença é nítida também nos sentidos de poluição sonora e ambiental. Segundo um estudo feito no início de 2016 pela Faculdade de Medicina da USP e a ONG Cidade Aberta, nos domingos em que a avenida é fechada para carros há uma redução bastante notável no ruído e na quantidade de poluentes lançados na atmosfera (apesar de ainda estarem acima do nível máximo estipulado pela Organização Mundial da Saúde).

Já o espetáculo visual fica por conta dos próprios pedestres. Pessoas fantasiadas, pequenos shows de música, intervenções artísticas na calçada, banquinhas de venda de artesanato, dança, bolhas de sabão gigantes fazem a avenida lembrar um parque de diversões em dias movimentados.

“Aqui a gente encontra todo mundo, pessoas de todo lugar, de todas as idades, estrangeiros, tudo. Todo mundo aproveita o espaço para trabalhar, para expor sua arte, para se divertir”, descreve Daniela*, que costuma vir de Campinas para passar os fins de semana em São Paulo.

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Espaço de trabalho

Entre passeatas, manifestações artísticas, shows relâmpago e muitos cachorros, os ambulantes que compõem o cotidiano da Paulista aproveitam o grande número de passantes para vender de tudo: comida, bebidas, artesanato, camisetas — geralmente, que têm alguma relação com a passeata que estiver rolando —, entre outros.

Yuri Ribeiro aproveita seu único dia de folga para vender broches e bottons por lá. Entre segunda e sábado, ele trabalha como camareiro hospitalar. “Não vou dizer que vende muito, mas dá para sobreviver, complementar a minha renda”, revela.

Mas a visita à Paulista no fim de semana tem outros atrativos, além do financeiro. “É prazeroso vir para cá. Você vê a população curtindo a cidade, e a gente sabe que ainda hoje se aproveita muito pouco do espaço urbano”, diz.

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Acesso

Apesar de o apelo residir no combo lazer gratuito em uma região central e nobre da cidade, não se pode ignorar que o acesso continua sendo restrito para parte da população. O transporte reduzido no domingo dificulta o acesso à região para pessoas que moram nas periferias paulistanas.

“Até para mim fica difícil. Eu moro em São Miguel [Zona Leste da cidade] e para chegar aqui no domingo dá um trabalho. Até tem gente da periferia que vem, mas é bem pouco. Geralmente, eles já vêm pra cá durante a semana, a trabalho, e no fim de semana querem descansar, não ficar duas horas no metrô”, diz Yuri.

Mesmo assim, a Paulista Aberta — e os outros espaços públicos que vêm sendo ocupados pelos pedestres — se transformou em passeio fixo. “No fim de semana passado, em que teve vestibular da Fuvest no domingo, deu para ver que o pessoal ficou chateado porque a avenida não seria aberta, para não atrapalhar o pessoal que estava indo fazer a prova. Várias pessoas falaram comigo algo do tipo ‘poxa, não vai abrir, que pena, vai fazer sol’”, comenta Yuri.

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Para Ana, a cidade precisa de ainda mais lugares abertos para os pedestres. “Eu acho que tem que abrir mais ruas, mais espaços. São Paulo tem um pouquinho de tudo, e essa é a oportunidade que a galera tem de se mostrar, de pertencer a isso tudo”, diz.

Curte ir para a rua aos domingos? Registre essas experiências nas redes sociais e inclua a hashtag #hellocidades para contar para todo mundo que você está bem conectado com São Paulo. Redescubra a cidade em hellomoto.com.br.

* Por razões pessoais, Ana e Daniela preferiram que seus sobrenomes não fossem publicados.

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