Camilla Gonçalves, 30, por um tempo passou por vários empregos: “Falava para o meu pai: ‘Calma, vou achar o lugar que quero ficar’”. Criadora do brechó on-line Brechominante, @brechominante no Instagram, com quase 50 000 seguidores, a rotina e as reflexões da paulistana sobre o mundo do garimpo de roupas usadas são retratadas no minidocumentário A Garimpeira, lançado ao público nesta sexta (1°). Confira ao final da matéria onde assistir.
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Entre empregos em lugares como agências de viagem e graduações nunca terminadas, a empreendedora teve um estalo quando foi trabalhar em 2015 em uma das lojas da Farm, a marca carioca, em Higienópolis. Por um ano e meio, foi vendedora. “Comecei a vender itens do meu guarda-roupa pelo Instagram. Tinha muita peça da marca.”
O negócio nasceu em 2016. “Descobri o mundo dos bazares com um amigo que me levou em um na Zona Sul onde encontrei um moletom dos Looney Tunes”, lembra. Natural da Zona Leste, passou parte da infância e adolescência entre a capital e São José do Rio Preto, onde vive parte da família. “Meu pai é caminhoneiro, minha mãe, costureira. Ele queria que eu trabalhasse em uma multinacional, falasse três idiomas”, ri. Em 2019, saiu do último emprego formal, em uma agência de modelos, e mergulhou no negócio.
Até 2022 foram quase 1 700 peças repassadas. As roupas do Brechominante foram fotografadas nos corpos de cerca de 90 modelos nos últimos dois anos. Os estilos são variados e cerca de 100 itens são vendidos mensalmente.
A estética das redes sociais do negócio chamou a atenção da diretora Laís Sambugaro, 25. “Sou cliente já faz tempo”, comenta. No ano passado, começou uma conversa com Camilla, após tempos ensaiando uma aproximação, para propor o projeto. “A gente se encontrou em outubro e em dezembro estávamos filmando”, diz Laís. O minidocumentário leva o espectador para o Centro, registra momentos do cotidiano e sessões de fotos para o brechó.
De maneira sutil, o trabalho fala sobre a relação da empreendedora com o garimpo. “É um filme divertido, tem cinco minutos e se apresenta como um lugar de reflexão”, define Laís. Neste ano, a obra será exibida na Holanda e Reino Unido. Entre as cenas, Camilla sobe em uma imensa pilha de roupas e resgata uma calça brilhosa, em um bazar no centro histórico, o Hamuche Enxovais. “Isso é o que faz o meu coração acelerar: garimpar em uma montanha de roupas. Antes de ir, eu e a Singh Gedam (única funcionária do negócio) temos um ritual: mentalizamos a Nossa Senhora do Garimpo”, diz ela.
Veja o filme aqui: https://www.lolafilmes.com.br/agarimpeira