Conheça os paulistas que vão exibir seus filmes no Festival de Berlim
Rafael Aidar, de São Paulo, e Maurício Osaki, de São Caetano do Sul, vão representar o Brasil na prestigiada mostra alemã
A 63ª edição do Festival de Berlim, um dos mais prestigiados eventos do circuito mundial, já divulgou os títulos que vão integrar sua competição principal. Entre 7 e 17 de fevereiro, serão exibidos novos filmes de Gus van Sant (Milk – A Voz da Igualdade), Jafar Panahi (Isto Não É um Filme), entre outros importantes nomes. Na mostra paralela Panorama, Flores Raras, de Bruno Barreto será o representante brasileiro no festival alemão. Mas ele não será o único: entre os curtas-metragens, O Pacote, de Rafael Aidar, e O Caminhão do Meu Pai, de Maurício Osaki, ambos de São Paulo, também foram selecionados para o evento.
+ CineSesc vai exibir documentário de Herzog em 3D
+ Mostra relembra a obra completa de Carlos Reichenbach
Primeiro trabalho de Rafael Aidar, 35 anos, paulistano de Pinheiros, O Pacote foi rodado no ano passado em locações espalhadas pelos quatro cantos da cidade, com atores da SP Escola de Teatro. O roteiro, também de autoria do realizador, narra a história dos adolescentes Jefferson (Jeferson Brito) e Leandro (Victor Monteiro), cujo namoro sofre um abalo, quando o primeiro revela ser portador do HIV. “Tenho amigos que enfrentaram dificuldades com a família e com seus relacionamentos ao se revelarem soropositivos. Imagino que, para um adolescente lidar sozinho com isso, seja ainda mais difícil”, explica o diretor que somou a comoção pessoal a recentes dados do Ministério da Saúde. De acordo com eles, os índices de contaminação pelo vírus aumentam entre os jovens – exatamente a população com acesso à informação e métodos de prevenção contra doenças sexualmente transmissíveis.
Embora O Pacote concorra ao Teddy – troféu do festival dedicado aos títulos com temática homoafetiva –, Aidar nega que tenha feito um trabalho direcionado a jovens ou homossexuais. “É um filme universal, que fala sobre amor e relacionamentos de uma maneira muito sutil e delicada”, explica o realizador, que pretende transformar o curta-metragem em minissérie.
Já o diretor de O Caminhão do Meu Pai não é exatamente um principiante no cinema. Paulista de São Caetano do Sul, Maurício Osaki, 31 anos, se destacou quando ainda cursava a faculdade de cinema da USP ao ganhar dois prêmios no Festival de Brasília com o curta Quando Tudo Formiga (2004). Em seguida, trabalhou com Marcelo Gomes em Cinema, Aspirinas e Urubus (2005), Laís Bodansky em Chega de Saudade (2007) e Walter Salles em Linha de Passe (2007), entre outros.
Fora do Brasil desde 2007 para complementar os estudos, Osaki finaliza seu filme hoje em Singapura, mas foi sua experiência no Vietnã, em 2011 que o inspirou a escrever e dirigir o curta-metragem. O roteiro aborda o relacionamento entre uma garotinha (Mai Vy) e seu pai (Trung Ahn), que dirige pelo interior daquele país. “Senti que havia uma semelhança enorme com as estradas pelas quais meu pai dirigia quando eu era criança, no interior do Brasil”, recorda Osaki, o responsável pela primeira co-produção Brasil-Vietnã de que se tem notícia. “Wong Kar Wai está finalizando o próximo filme dele na mesma produtora que eu”, comemora o paulista, que diz esbarrar todos os dias com o diretor de Amor À Flor da Pele (2000) e Um Beijo Roubado (2007) e presidente do júri do Festival de Berlim em 2013.