Cia. Sansacroma retorna a São Paulo com ‘Carvão’
Espetáculo terá sessões de 13 a 16 de novembro, no Centro Cultural SP, e 18 e 19, na Fábrica de Cultura Jardim São Luís
Após uma estreia com sucesso de público no Sesc Consolação, além de passar pelo Centro Cultural Olido e circular por Diadema, Piracicaba e São Carlos, a Cia. Sansacroma se prepara para mais uma temporada do espetáculo Carvão na capital paulista.
De 13 a 16 de novembro, quinta a sábado, às 20h e domingo, às 19h, na Sala Jardel Filho, do Centro Cultural São Paulo e nos dias 18 e 19 de novembro, terça, às 19h e quarta, às 15h, na Fábrica de Cultura Jardim São Luís.
Carvão é uma coreografia-manifesto que investiga as narrativas do amor negro como ato político, filosófico e ancestral, atravessado por violências históricas e persistentes.
Inspirado nos pensamentos da autora Bell Hooks, o espetáculo entende o amor não como romantização, mas sim, como uma prática de liberdade. Amar, para corpos negros, é um gesto radical de resistência à desumanização e uma recusa ativa às lógicas coloniais que tentam romper e apagar os laços afetivos e comunitários.
Cicatrizes e renascimentos
A obra parte da simbologia do carvão, aquilo que foi queimado, mas não destruído; uma matéria que resiste e permanece viva. Por meio dos movimentos de cinco intérpretes criadores em cena e da performance musical eletrônica ao vivo, o espetáculo constrói um território de afetos forjados entre cicatrizes e renascimentos.
“O carvão carrega em sua matéria a memória do fogo e a potência da permanência. É uma ruína que sustenta. É o corpo que, mesmo marcado, continua a produzir calor. O amor negro é esse carvão: forjado nas chamas do racismo, mas ainda assim, uma brasa viva que alimenta futuros possíveis”, comenta Gal Martins, diretora artística da Cia. Sansacroma.
Renato Nogueira, referência em estudos sobre afetos, diversidade, ancestralidade e pensamento crítico, nos lembra que o corpo negro é tempo de travessia, e que a ancestralidade pulsa como horizonte e origem. Em Carvão, o tempo se dobra e a coreografia se constrói sobre camadas de memória, onde o amor é rito de cura, de reinvenção e de insubmissão.
Os corpos em cena carregam a densidade das marcas do racismo, do que foi atravessado e a leveza de um afeto que insiste. A água, elemento cênico que dialoga com a densidade do carvão, representa o fluxo da ancestralidade e a possibilidade de cura. “É rio que carrega cinzas, lágrima que rega a terra, maré que embala os afetos negados, mas jamais apagados. A água tensiona sem silenciar, cura sem apagar e dissolve para transformar”, complementa Gal Martins.
Assim como o amor negro, ela escorre entre as frestas da história para inundar o agora com potência de vida. Carvão é uma dança feita de cicatriz e fluxo, de resistência mineral e correnteza ancestral. É um espetáculo que afirma o direito inegociável ao afeto negro, reivindica a completude do amor como prática coletiva. Porque, como diz Bell Hooks, “o amor é a única prática que pode nos levar além do medo – e o amor negro, mesmo queimado, não se rende: acende, renasce e transborda”.
O espetáculo foi indicado ao Prêmio APCA, do primeiro semestre, em duas categorias: melhor interpretação e melhor figurino. Além disso, também foi indicado ao Prêmio Arcanjo 2025 na categoria dança.
A circulação do espetáculo Carvão, da Cia. Sansacroma, faz parte do projeto Entre Laços e Lutas – Narrativas de Amor Negro, contemplado pela 5ª edição do Programa Municipal de Fomento à Cultura Negra para a cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa.
Diálogos
Após as apresentações no Centro Cultural São Paulo e na Fábrica de Cultura Jardim São Luís, a Cia. Sansacroma convida o público presente para um diálogo. Confira a seguir a programação:
Centro Cultural São Paulo
Domingo, dia 16/11, às 20h
O amor é diretor de quem? Colonialismo e a higienização dos afetos negros
Convidades: Andreone Medrado e Bruno Novais
Mediação Sansa: Gal Martins
Fábrica de Cultura Jardim São Luís
Terça-feira, dia 18/11, às 20h
Sonoridades Afetivas: Reflexões sobre música e o amor negro
Convidados: Alexandre Barão e Aryani Marciano
Mediação Sansa: Dani Lova
Carvão. Centro Cultural São Paulo. Rua Vergueiro, 1.000, Liberdade, Sala Jardel Filho. De quinta a sábado, às 20h. Domingo, às 19h. De 13 a 16/11. Grátis. 16 anos
Fábrica de Cultura Jardim São Luís. Rua Antônio Ramos Rosa, 651, Jardim São Luís. Terça, às 19h e quarta, às 15h. Dias 18 e 19/11. Grátis. 16 anos
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