Caso Ângela Diniz: último episódio da série chega ao HBO Max
A minissérie, exibida durante o último mês, vai mostrar o julgamento de Doca Street, marcado pela culpabilização da vítima
O último episódio da série Ângela Diniz: Assassinada e Condenada chegou nesta quinta-feira (11) ao canal HBO Max, mostrando o desfecho do assassinato cometido em 1976, por Raul Fernando do Amaral Street, o Doca Street, da então namorada – a socialite mineira Ângela Diniz.
Na série, produzida pela HBO em parceria com a Conspiração Filmes, Ângela é vivida pela atriz Marjorie Estiano.
Como é conhecido, o polêmico julgamento, onde a vítima foi longamente criticada pelo comportamento “libertino”, terminou com o assassino saindo livre do tribunal, apesar de condenado a dois anos de reclusão – sob a tese de “homicídio passional com excesso na legítima defesa”.
O crime marcou a época não apenas pelo feminicídio em si, mas pela culpabilização de Ângela, tida como uma mulher provocante e sedutora, o que teria instigado o comportamento violento de Doca.
Comportamento que, infelizmente, não parece ter mudado e ainda permeia o imaginário masculino, em pleno século XXI. O noticiário das últimas semanas não deixa dúvidas de que mulheres continuam sendo agredidas e assassinadas pelo simples fato de serem mulheres.
De acordo com o Mapa Nacional da Violência de Gênero, só no primeiro semestre de 2025, foram registrados 718 feminicídios no País. O levantamento apontou para uma média de 187 estupros por dia e 86 mil denúncias de violência durante o mesmo período.
Discussão atual
Apesar dos dados, houve avanços na pauta da defesa da mulher. Em 2023, a tese da “legítima defesa da honra”, utilizada pelo advogado de Doca Street na época, Evandro Lins e Silva, foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em decisão unânime.
“A sociedade ainda hoje é machista, sexista, misógina e mata mulheres apenas porque elas querem ser donas de suas vidas”, afirmou a ministra Cármen Lúcia durante seu voto há dois anos.
Relembrando o crime
Nascida em Curvelo (MG), desde muito jovem, Ângela foi tema de colunas sociais dos tabloides. Porém, passou a ter mais destaque e ganhar a fama de “Pantera de Minas” quando se separou de seu marido Milton Villas Boas.
Na época, o divórcio não existia e a socialite teve um desquite, a dissolução dos cônjuges e seus bens, mas sem a possibilidade de um novo casamento.
A personalidade livre de Ângela, que teve diversos companheiros e relacionamentos após a separação, causava certa inquietação na sociedade da época. Inquietação esta que foi usada até mesmo para justificar seu próprio assassinato.
Julgamento da vítima
Em 30 de dezembro de 1976, depois de Ângela terminar seu relacionamento já marcado por episódios de violência, Doca a assassinou com quatro tiros e fugiu. Depois de meses foragido, ele passou por seu primeiro julgamento três anos depois, em 1979.
“Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras”, declarou Carlos Drummond de Andrade. “Vênus lasciva” e “prostituta de alto luxo” foram alguns dos temos utilizados na defesa do réu para se referir a assassinada, Ângela Diniz.
A defesa de Doca Street, liderada por Evandro Lins e Silva, voltou seus esforços para alegar que o assassinato se tratava de um crime passional e que o réu em questão estava “defendendo sua honra”.
Apesar do argumento não estar presente no Código Penal da época, a chamada “tese da legítima defesa da honra” era amplamente utilizada na justiça da época para justificar casos em que o homem matava sua companheira em casos de adultério, por exemplo. A reputação de Ângela foi utilizada como justificativa para o crime de Doca.
Ao final deste primeiro julgamento, o réu foi condenado a dois anos de reclusão. Porém, como já havia cumprido um terço da pena, saiu andando pelas portas do tribunal ao lado de seu advogado.
‘Quem ama, não mata’
Apesar de não ser considerada feminista, o julgamento do assassinato de Ângela Diniz impulsionou o movimento político, especialmente após o desfecho do primeiro julgamento de Doca Street.
A famosa frase ‘Quem ama, não mata’ foi levantada pelas feministas de época que chegaram a acampar em frente ao Fórum de Cabo Frio (RJ), onde acontecia o processo. Dois anos depois, o clima do julgamento – que em 1979 aparentava favorável ao réu – mudou e, em 5 de novembro de 1981, Doca Street foi condenado a 15 anos de reclusão por homicídio qualificado.
Série da HBO Max
Ângela Diniz: Assassinada e Condenada é uma minissérie brasileira que estreou no dia 13 de novembro. O elenco traz, além de Marjorie Estiano, o ator Emílio Dantas como Doca Street, Antônio Fagundes como Evandro Lins e Silva, e Thiago Lacerda como Ibrahim Sued, além de outros nomes como Joaquim Lopes, Thelmo Fernandes, Renata Gaspar, Camila Márdila e Yara de Novaes, com direção de Andrucha Waddington.
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