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“Casamos de novo após três anos divorciados”

Mesmo sem uma boa primeira impressão de seu marido, Erica conta como passou a se sentir completa junto de Victor Pelini

Por Erica Toller Pelini, 41, em depoimento a Fernanda Campos Almeida
Atualizado em 27 Maio 2024, 20h23 - Publicado em 16 abr 2021, 06h00
Casal Vitor e Erika. Os dois estão sentados em cadeiras, lado a lado, mas a cadeira de Vitor está com o encosto virado para Erika. Ele está com um dos joelho apoiado no acolchoado e o cotovelo cobre o encosto. Ela está um pouco inclinada para esquerda, encostando no marido.
Duas vezes: apesar do divórcio, Erica e Vitor se casaram pela segunda vez  (Leo Martins/Veja SP)
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“Conheci Victor no Carnaval, nos ensaios da escola de samba X-9 Paulistana, em 2004. Eu achei ele um chato. No dia do desfile, ficamos na mesma fileira. A prefeitura havia disponibilizado transporte aos integrantes da escola para ir e voltar ao Sambódromo do Anhembi.

Na volta, estava exausta e com dor de cabeça. Brincalhão, Victor mudou o letreiro do ônibus de ‘Reservado’ para ‘Butantã’ (bairro da capital mais próximo da casa dele) e ninguém encontrava o veículo certo para embarcar. Depois, sentou no banco do cobrador e batia uma moedinha para avisar que alguém ia descer, como os profissionais faziam antigamente. Ligado no 220, não parava quieto e fez amizade com minha família inteira, que também desfilou.

Como a X-9 ficou em segundo lugar, participamos do Desfile das Campeãs na semana seguinte. ‘Espero que não encontre aquela criatura’, disse ao meu tio. Mas quem foi a primeira pessoa que encontrei ao chegar ao local? Victor. Ele já veio abraçando minha mãe e chamando-a de sogra. Diz que naquele momento sabia que iria se casar comigo. Dessa vez, desfilamos lado a lado e trocamos telefones.

Uma semana depois, passou a me ligar todos os dias. Ele me dava atenção, queria saber como eu estava. Comecei a achar o jeito chato dele cativante. Mais tarde, estava me formando em direito e enviei a ele um convite de formatura. Mesmo não conhecendo ninguém, ele se divertiu horrores. Conseguiu arrastar meu pai para dançar no meio do salão. Assim foi me conquistando. As coisas mudaram quando me chamou para uma balada sertaneja em Osasco e, mesmo morando do outro lado de São Paulo, em São Bernardo do Campo, eu fui. Dias depois, ele me pediu em namoro.

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No Dia dos Namorados, em 2006, ele fez o pedido de casamento e, em 2007, eu entrava pela porta da igreja. Sempre rodeados de muitos amigos, saímos e viajamos muito naquela época.

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Na imagem esquerda, Erica está com um véu de casamento, um buquê de flores e do lado está Vitor, vestido de terno, uma imagem do dorso para cima dos dois, ambos sorrindo. À direita, Erika e Vitor estão sorrindo em uma sala de estar, com Vitor segurando um cachorro no colo. Na mesa na frente dos dois, há um bolo com velas no formato de 4 e 1.
Aniversário de Erica, à direita; à esquerda, o primeiro casamento (Arquivo pessoal/Divulgação)

Em dado momento, tivemos o desejo de ter um filho, mas fui diagnosticada com um problema nas trompas. Senti-me sozinha durante um tratamento para fertilização in vitro, que não deu certo. Eu não sou de chorar e tenho mania de guardar sentimentos para mim. Nunca expressei o quão triste estava sem o apoio do meu marido. Em 2017, tivemos uma conversa séria e decidimos que o rumo da nossa relação não estava legal. Não resolvíamos nossas discussões e os conflitos se somavam.

Arrumei minhas coisas e fui para a casa da minha mãe. Ficamos três meses sem nos encontrar e tratamos tudo por telefone. Na sequência, preenchemos a papelada do divórcio. Na frente do escrivão, ele perguntou se era mesmo isso o que eu queria. O advogado que oficializou o documento (também nosso padrinho de casamento) começou a chorar. O dia da assinatura do divórcio era o mesmo do aniversário de uma amiga em comum, Cláudia, e acabamos indo para o mesmo lugar naquela noite.

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Em um ano separados, tivemos recaídas. Inventava desculpas para vê-lo. Buscava coisas na casa dele e, quando me dava conta, já estávamos nos beijando. Tentamos namorar de novo, mas deu errado. Brigávamos por ciúme das pessoas que conhecemos nesse meio tempo e terminamos.

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Cláudia fez mais um ano de vida e novamente fomos convidados. Dessa vez, cada um foi com seu respectivo parceiro. Coisas que Victor fazia comigo, como dançar sertanejo, eu vi ele fazendo com outra pessoa. Fui para casa com a dúvida: será que estava melhor antes, mesmo com todos os defeitos? Chamei Victor para conversar e descobri que ele também sentia que algo entre nós estava mal resolvido. Passamos a limpo tudo o que aconteceu e decidimos tentar, agora para valer, colocando uma pedra no passado. Hoje percebo que minha vida é completa mesmo sem um filho.

Ele falou com meus pais, explicou que iríamos morar juntos. Apesar de minha mãe dar um sermão nele, meus pais ficaram felizes. Para provar nossa união, decidimos nos casar outra vez poucos meses depois. Explicamos para a escrivã que já tínhamos ficado nove anos casados e queríamos recuperar a primeira certidão de casamento. Hoje contamos catorze anos juntos. Brinco que o divórcio só foi uma pausa para dar uma olhadinha no mercado.

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Quando contei a novidade, meus amigos acharam que eu me casaria com outra pessoa. Eles pediram outra festa. Comprei outro vestido branco de noiva e chamei uma dupla sertaneja para tocar, mas a pandemia piorou novamente. Dançaríamos aquela do Henrique e Juliano que diz ‘Se precisar a gente briga, chora / Volta mais uma vez / Separa, namora e casa outra vez’. A celebração foi cancelada, mas não esquecida. Quando esta turbulência passar, faremos uma grande festa.”

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Publicado em VEJA São Paulo de 21 de abril de 2021, edição nº 2734

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