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Costureira faz sucesso no Instagram com peças exclusivas e descoladas

Ela vendeu 21 unidades de moletom oversized em uma semana e o modelo inspirado em Ursinhos Carinhosos é um dos queridinhos da marca

Por Juliene Moretti Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 Maio 2024, 17h21 - Publicado em 9 out 2020, 06h00
Danielle em seu ateliê no centro: o plano C que virou o A e o B (Rogério Pallata/Veja SP/Divulgação)
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Todo domingo, a modelista Danielle Tereza de Arruda e Souza corre atrás da previsão do tempo para a semana. O interesse não é apenas checar se vai chover ou fazer calor. São as indicações da temperatura que vão pautar as criações que entrarão para a seleção de roupas da sua marca, a Camisaria Tereza. Até o mês passado, as apostas eram nos moletons descolados e coloridos, dos grandões aos que lembravam os personagens do desenho Ursinhos Carinhosos. “O sucesso agora na primavera são os quimonos”, diz a moça de 37 anos que mantém seu ateliê em um dos três quartos do apartamento onde mora com a filha de 1 ano e meio e uma amiga, no centro.

“Timing é tudo”, explica. “No dia que a OMS recomendou a todo mundo usar máscara, corri para a máquina de costura, fiz trinta e postei no Instagram”, diz. Em duas semanas vendeu 500. Depois, vieram os moletons oversized, com comprimento que passava dos joelhos, o primeiro sucesso da temporada. “As pessoas não deveriam sair, então pensei em fazer roupas para casa.” Ela conta que foram 21 unidades comercializadas pela rede social em uma semana.

Vieram as inspirações para outros modelos, de cores vibrantes, cropped, com bolsos divertidos, recortes diferentes. Todas as etapas de produção, do desenho aos moldes e costura, foram realizadas por ela. Depois, os resultados são postados em rede social. Nenhum item tem valor acima de 200 reais e os pedidos devem ser encaminhados pelas redes ou pelo WhatsApp. A própria Danielle mostra como o cliente pode tirar as medidas, com direito a tutorial. “Eu faço a peça especificamente para ele.

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Camisaria Tereza
Quimonos, camisas e os moletons diferentes: produção artesanal e personalizada (Instagram/Instagram)
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Além dos produtos postados, entre vestidos e camisas masculinas, a moça abre espaço para outras encomendas sob medida e personalizadas. “Antigamente, quando não existiam tantas lojas de roupa, o cliente tinha de ir a uma modista para fazer suas peças. É um resgate da profissão mesmo.” Aqui, o interessado descreve para ela a ideia da vestimenta ou envia referências. São definidos todos os aspectos, como o tecido (que acaba encarecendo ou não a produção). O resultado costuma agradar. “É uma forma de a pessoa ter uma roupa exclusiva, do jeito que ela pensou”, explica. Os valores e os prazos são negociados.

A ideia da Camisaria Tereza veio com a entrega do trabalho de conclusão de curso na faculdade de moda em 2009. “Eu precisava fazer peças conceituais, mas não tinha dinheiro para comprar os tecidos”, lembra Danielle. Chamou sua atenção a toalha de mesa da mãe do seu namorado na época, que já estava manchada de molho e com furos. “Pedi a toalha a ela e fui atrás de outros itens similares de casa”, conta. Recolheu toalhas de mesa de plástico e de banho, cortinas e capas de sofá. “Eram produtos que estavam fadados a ser de decoração e eu aprimorei com os meus conhecimentos como modelista”, diz. A conta: 487 reais gastos e a aprovação da faculdade.

Depois, trabalhou para estilistas executando as criações para a São Paulo Fashion Week, fez parte da equipe de Alexandre Herchcovitch e assinou figurinos para peças de teatro e para o audiovisual. Nesse meio-tempo, criou a Camisaria, com o intuito de vender suas produções de camisas masculinas com estampas para lá de curiosas, entre desenhos de frutas e bichinhos, bem parecidas com as que encontramos em enxovais da casa. “Foi um sucesso, outras marcas fizeram o mesmo depois. Ganhei uma graninha, mas sempre foi meu plano C. Surgia uma oportunidade diferente, e eu deixava de lado”, diz.

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Com a pandemia, os trabalhos minguaram e ela precisou voltar para a casa dos pais em São Carlos, no interior. “Estava bem frustrada e decidida a não ficar ali por muito tempo. Retornei com o objetivo de me virar de algum jeito para pagar as contas”, confessa. Veio então a ideia dos moletons. Entre os sucessos está a tal produção dos Ursinhos Carinhosos, que foi dúvida na coleção. “Por causa da minha filha, estou em uma fase mais lúdica e me lembrei do desenho da infância”, conta. “Questionei se tinha perdido a noção da idade, se achariam infantil demais, mas o retorno foi incrível.”

Para dar conta da demanda, Danielle contratou uma costureira, Nilza da Silva, agora também seu braço direito. “Eu estava com muitos pedidos, e ela me mandou uma mensagem perguntando se precisava de ajuda. E precisava.” As duas fazem as peças de acordo com a demanda e não possuem estoque. No máximo, deixam prontos três modelos parecidos para ser comercializados.

Nas últimas semanas, os itens de inverno foram substituídos pelos de primavera e verão. São cerca de dez modelos, entre batas, quimonos, saias longas com tops e as camisas coloridas já conhecidas. Também surgem agora as roupas infantis, com conjuntinhos iguais para os pais e os filhos. Os vestidos para as festas de fim de ano vão aparecer em breve. “Fizemos a coleção de alfaiataria, mais chique, com blazers, shorts e top”, anima-se. “Meus amigos sempre me falaram que eu devia apostar na marca. Ela virou meu plano A, B e C e meu próximo passo é abrir a loja física.”

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Publicado em VEJA São Paulo de 14 de outubro de 2020, edição nº 2708.

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