Um mergulho na música e cultura de Cabo Verde, e suas conexões com o Brasil
Conheça mais sobre o arquipélago de dez ilhas na África Ocidental, berço de artistas como Cesária Évora e de gêneros musicais como a morna e o funaná
Para começo de conversa, Cabo Verde não é um cabo, nem tão verde assim. O arquipélago de dez ilhas na África Ocidental, a cerca de 570 quilômetros do continente, tem clima semiárido e pouco mais de 500 000 habitantes. Espalhados pelo mundo vivem mais de 1 milhão de cabo-verdianos, o que ilustra como a cultura do país transborda fronteiras.
“Cabo Verde é a primeira experiência de fixação portuguesa nos trópicos. E a primeira sociedade escravocrata, exploradora e colonial que nasce no Atlântico. Costumo dizer que é, apesar de pequenino, o irmão mais velho do Brasil”, diz o historiador e sociólogo cabo-verdiano António Correia e Silva, ex-reitor da Universidade Pública de Cabo Verde e ex-ministro do Ensino Superior, Ciência e Inovação do país.
No reino musical da nação africana, a cantora Cesária Évora (1941-2011) é a rainha, com carreira ligada ao gênero da morna, primo do samba-canção, e do fado, com levada lenta e letras sentimentais. Completam o núcleo duro de ritmos cabo-verdianos o funaná, rápido e dançante; a coladeira, também animada, com letras sobre temas cotidianos ou de crítica social; e o batuku, baseado em percussão e voz, mais ligado às tradições africanas.
“O Brasil teve uma influência cultural grande, até pelas ondas curtas do rádio. Cheguei a entrevistar cantores antigos que disseram que, na juventude, escutavam Ary Barroso, Orlando Silva e Silvio Caldas”, relata Gláucia Nogueira, jornalista, escritora e antropóloga paulista, fundadora do museu virtual Cabo Verde & a Música.
Em 2016, ela lançou o livro Cabo Verde & a Música: Dicionário de Personagens, que abrange 964 nomes da cultura do país. Nessa linhagem musical, alguns destaques são grupos como Bulimundo e Ferro Gaita e artistas como Orlando Pantera (1967-2001), Bana (1932-2013) e Ildo Lobo (1953-2004), além do poeta Eugénio Tavares (1867-1930).
E, se formos citar mais pontes com o Brasil, não podemos deixar de falar das nossas telenovelas transmitidas lá e o Carnaval, outro elo entre os dois países. “A Ilha de São Vicente, onde eu cresci, tem um Carnaval fundamental, de qualidade internacional, com muitos elementos que você também vai encontrar na Sapucaí”, conta a cantora e compositora Solange Cesarovna, vice-presidente da Academia Africana de Música e do Conselho Internacional de Criadores de Música (Ciam), que acaba de lançar, na quartafeira (12), em parceria com Juca Novaes, a música Frevo ou Funaná, que fala justamente das similaridades entre Brasil e Cabo Verde.
“A letra dessa canção evoca as semelhanças entre a cachupa e o vatapá, o xerém e a feijoada, o grogue e a cachaça. Estamos em continentes diferentes, mas temos uma mesma alma”, resume a artista.
Publicado em VEJA São Paulo de 14 de novembro de 2025, edição nº 2970
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