Batalhas na pista: São Paulo recebe maior campeonato mundial de breaking
A etapa brasileira do Red Bull BC One 2023 acontece nos dias 20, 21 e 22, em São Paulo, a um ano da estreia da modalidade nos Jogos Olímpicos de Paris
A etapa brasileira do Red Bull BC One 2023, o maior campeonato de breaking do mundo, acontece mais uma vez em São Paulo, nos dias 20, 21 e 22, no Memorial da América Latina.
Mais de 400 competidores nacionais e internacionais, entre homens e mulheres, estarão presentes para disputar as vagas brasileira e latino-americana na final mundial, que acontece em outubro, em Paris.
Em batalhas um contra um, os dançarinos — chamados de B-Boys ou B-Girls — apresentam coreografias com passos e acrobacias ao som de hi phop e são julgados a partir de critérios como originalidade, dificuldade e musicalidade.
O evento também terá um minifestival gratuito de cultura hip-hop, com workshops, oficinas e desafios de dança. “O termo correto e original é breaking, breakdance é um nome midiático, criado nos anos 80”, explica Uiu Mcee, um dos apresentadores do evento, ao lado de Aline Constantino — ambos paulistanos, entraram em contato com a dança em Diadema.
“O breaking social formou a gente. Meu primeiro contato foi em 2005, em uma ONG, e depois na Casa do Hip Hop da cidade”, conta a apresentadora, que comanda o evento pela quarta vez neste ano.
Criada em 2004, a competição só passou a ter uma divisão feminina em 2018. “A diferença no número de B-Boys e B-Girls sempre foi muito discrepante, é um retrato social. As mulheres sempre foram menos incentivadas e tiveram menos estrutura e apoio”, afirma Aline.
Os últimos campeões brasileiros são a brasiliense Maia e o paraense Leony, que já coleciona quatro troféus nacionais do torneio. “Eu sempre fui muito paraense raiz. Enquanto a galera ia para os eventos escutando um rap, eu escutava tecnobrega”, conta o dançarino, que ganhou destaque internacional com sua mistura de influências regionais do carimbó e da capoeira.
Atualmente, é o brasileiro mais bem ranqueado no mundo, a um ano da estreia da modalidade nos Jogos Olímpicos de Paris. “A minha expectativa é levar o Brasil para as Olimpíadas, fazer parte do top 16 do mundo que estará lá. O meu foco neste ano é o ciclo olímpico, nós estamos no caminho para a classificação”, conta o dançarino, que dá a sua opinião sobre a polêmica discussão no meio sobre o reconhecimento do breaking como um esporte.
“A modalidade ter virado olímpica foi uma ótima oportunidade. Mas não acredito que isso seja mais importante do que o breaking cultural — foi só mais uma porta que se abriu para nós, B-Boys e B-Girls. Nem me considero um atleta, eu sou um dançarino, um artista”, sintetiza Leony.
Memorial da América Latina. Avenida Mário de Andrade, 664, Barra Funda. ♿ Qui. (20), 11h/22h; sex. (21), 13h/22h; sáb. (22), 14h/22h. R$ 50,00 (grátis dias 20 e 21). redbull.com/br-pt. ■
Publicado em VEJA São Paulo de 19 de julho de 2023, edição nº 2850