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São Paulo pode estar passando por um blecaute cinematográfico

A Cidade do México tem três vezes mais cinemas que a Grande SP. A Cinemateca Uruguaia recebe o triplo de visitantes da paulistana. Nossa cinefilia minguou?

Por Raul Juste Lores Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 Maio 2024, 18h07 - Publicado em 14 jun 2020, 13h09
Cine Marrocos: estatizado pela Prefeitura e sem uso (Raul Zito/Veja SP)
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São Paulo ostenta a primeira posição na América Latina no consumo de vários artigos de luxo: em número de clínicas de cirurgia plástica, em vendas de camionetes 4×4, no uso da palavra “topzera”, e provavelmente nas aplicações de Botox. Mas é no consumo de cultura que estamos ficando para trás. E nem falo do número de livrarias, que sempre foi modesto na Pauliceia.

Nossa cinefilia minguou. A região metropolitana da Cidade do México possui 1.840 salas de cinema. Com população similar, a Grande São Paulo tem 568. Vários municípios vizinhos, com população superior a 100.000 habitantes, não têm um único cinema, como Embu das Artes, Poá, Mairiporã e Jandira.

Até na capital, de 96 distritos, 54 não possuem nenhuma sala, nem aquelas dentro de escolas. A prefeitura estatizou há uma década os abandonados Cine Marrocos e Art Palácio, que continuam sem uso.

Os fanáticos pelo streaming devem achar que um bom serviço substituiu os cinemas. Para quem valoriza a sétima arte, é notório que o catálogo dessas multinacionais é mais esquálido que o de qualquer videolocadora de bairro de antigamente (tente procurar um clássico, de Billy Wilder a Visconti, de Saura a Kurosawa, e você vai chorar mais que em melodrama do Franco Zeffirelli).

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Em Montevidéu, com 1,4 milhão de habitantes, a Cinemateca Uruguaia consegue atrair um público anual três vezes maior que a Cinemateca paulistana. Como organização social sem fins lucrativos, ela se mantém principalmente com anuidades pagas por milhares de sócios e com ajuda da prefeitura e do governo federal. Em plena quarentena, está exibindo algumas de suas joias por emissoras de TV locais.

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Um apagão cinematográfico pode estar acontecendo agora, pois o fechamento das salas não congelou salários, impostos e o aluguel dos imóveis. O prazer de ver um filme na telona, na sala escura, ficará ainda mais raro na maior cidade da América do Sul? Para adultos de classes altas com paladar infantil, que se satisfazem com um cardápio anual de Os Vingadores e Disney, não deve ser um grande drama. Ah, mas a culpa é do ingresso que é caro.

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